Noticiário traumático é uma das causas que levam ao desinteresse do público por informação

O professor Carlos Eduardo Lins da Silva comenta pesquisa segundo a qual as pessoas estão consumindo menos notícias, o que também é causado pelo excesso de informações hoje disponível

 19/09/2022 - Publicado há 2 anos

As pesquisas apontam que as pessoas estão consumindo menos notícias, fenômeno a que os especialistas dão o nome de crise de fadiga, que ocorre quando há uma recusa em se informar, porque os assuntos tratados no noticiário são muito traumáticos. Como exemplo, o professor Carlos Lins da Silva, citando um artigo escrito por uma professora de Filosofia norte-americana, menciona a guerra na Ucrânia, a qual, em seu início, recebia ampla atenção do noticiário, mas que, aos poucos, foi gradualmente se restringindo até ao ponto de o desinteresse por parte dos consumidores tornar-se evidente. Um outro detalhe é que as notícias acabam por desagradar tanto os mais conservadores quanto os mais progressistas, e isso pode ser notado em plena campanha eleitoral aqui no Brasil.

“Os partidários do presidente Bolsonaro claramente não se informam por nenhum meio de comunicação independente, enquanto que os apoiadores do ex-presidente Lula acabam por desistir de acompanhar o noticiário, porque acham que as notícias são todas ruins.” O excesso de informações que o mundo vive hoje também tem sua parcela de culpa por esse quadro de desinteresse. “A internet, o ciclo de notícias que não param de surgir na frente das pessoas fazem com que muitos acabem se sentindo assoberbados, se sintam meio que afogados em tantas notícias.”

Para tentar combater esse problema, o colunista aponta algumas alternativas que estão ocorrendo, como a decisão que os jornalistas sempre podem tomar no sentido de colocarem em suas matérias “alguma coisa que o consumidor possa fazer para mudar aquele estado de coisas que o deixa fatigado ou faz com que se sinta impotente. Uma dessas saídas […] é que as pessoas deliberadamente resolvam se impor um ‘regime’ de notícias: em vez de ficarem o dia inteiro ligadas, o dia inteiro sendo acionadas pelas plataformas de redes sociais, podiam limitar por algumas horas ou alguns minutos o tempo que dedicam ao consumo de informações”. Ou seja, a saída é desligar o celular, ainda que durante algumas horas, pelo menos.


Horizontes do Jornalismo
A coluna Horizontes do Jornalismo, com o professor Carlos Eduardo Lins da Silva, vai ao ar quinzenalmente, segunda-feira às 8h30, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção  da Rádio USP,  Jornal da USP e TV USP.

.


Política de uso 
A reprodução de matérias e fotografias é livre mediante a citação do Jornal da USP e do autor. No caso dos arquivos de áudio, deverão constar dos créditos a Rádio USP e, em sendo explicitados, os autores. Para uso de arquivos de vídeo, esses créditos deverão mencionar a TV USP e, caso estejam explicitados, os autores. Fotos devem ser creditadas como USP Imagens e o nome do fotógrafo.