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De acordo com Gilson Schwartz, é inescapável falar do Prêmio Nobel de Economia, que acaba de ser anunciado para três pesquisadores da linha teórica conhecida como institucionalista. Os premiados Daron Acemoglu e Simon Johnson, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), e James Robinson, da Universidade de Chicago, estudaram a influência da história e das instituições no desenvolvimento econômico. Sua contribuição foi principalmente a de entender o papel desempenhado pelas instituições no processo de desenvolvimento econômico e também dar ênfase à defesa da democracia, para que as sociedades alcancem a prosperidade no longo prazo, “mas é justamente nessa associação entre democracias liberais e desenvolvimento econômico que residem as maiores dúvidas sobre o caráter científico ou mesmo sobre a contribuição desses economistas ao futuro da humanidade”.
“Já na entrevista que concedeu após receber o prêmio, Acemoglu teve que reconhecer que a China, obviamente muito distante do modelo de economia liberal e democrática propagandeado por instituições como MIT e Universidade Chicago, tornou-se uma potência sem abrir demais a economia e evitando criar instituições e formas de representação popular típicas do Ocidente moderno […] e é também impressionante a análise publicada por Acemoglu, em 2021, sobre o fracasso dos Estados Unidos no Afeganistão; depois de invadir e ocupar o país por 20 anos, os Estados Unidos tiveram que bater em retirada às pressas – como reconhece Acemoglu, o fracasso ocorreu depois de mais de 100 mil vidas perdidas e um gasto de US$ 2 trilhões.”
Mais adiante, Schwartz conclui: “A lógica do institucionalismo é exatamente a mesma lógica consagrada pela teoria econômica mais convencional: trata-se de uma abordagem conceitual e metodológica que tem uma alergia por tudo que se poderia definir como entidades macro, assim como os neoliberais as rejeitam e se esforçam para provar que o Estado, as classes sociais e outras forças intangíveis são meras ficções. O resultado é uma economia política conservadora que, em última análise, continua repousando sobre as capacidades individuais de fazer boas escolhas e por meio da autonomia evitar o pior no longo prazo – esse longo prazo, no entanto, pode ser afinal apenas mais uma ficção, confortável para os donos do poder, do dinheiro e do conhecimento”.