Nicotina do cigarro eletrônico tem carga seis vezes maior do que fumar 20 cigarros por dia

A conclusão lógica, segundo João Paulo Lotufo, é que os cigarros eletrônicos causam uma dependência química muito maior

 02/12/2024 - Publicado há 1 mês

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O Instituto Coração do Hospital das Clínicas, a Vigilância Sanitária do Estado de São Paulo e o Laboratório de Toxicologia da Faculdade de Medicina (FM) da USP divulgaram resultados de uma pesquisa que mediu a dosagem de nicotina na saliva das pessoas que fumam cigarro eletrônico. Segundo o médico pediatra João Paulo Lotufo, 417 participantes, fumantes de cigarro eletrônico, integraram o experimento. Os níveis de nicotina chegaram a ser seis vezes maiores do que os encontrados naqueles que fumam, em média, 20 cigarros por dia. “Os cigarros eletrônicos causam uma dependência química muito maior por causa disso. A quantidade de nicotina é muito maior. A pesquisa foi coordenada pela minha colega Jaqueline Scholz, diretora do Núcleo de Tabagismo do Incor. Ela tem um grupo antitabágico lá, como nós temos no HU, mas lá ela pega pessoas que tiveram problemas cardíacos. Eu já ouvi ela dizer que 50% daqueles que fumam e tiveram problemas cardíacos não pararam de fumar. A dependência química é muito grande e nós temos também a dependência emocional.” Isso porque o cigarro funciona como uma terapia, diminuindo a ansiedade e o nervosismo, acalmando as pessoas, que procuram o cigarro indiretamente como uma terapia. “Isso é extremamente lesivo”, afirma ele. Os sais de nicotina presentes no cigarro eletrônico inflamam o pulmão com muita facilidade, “então nós estamos criando uma geração de jovens dependentes de nicotina e causando problema respiratório mais cedo do que o cigarro tradicional”.

Ele conclui chamando a atenção da responsabilidade dos pais em todo esse processo: “Os pais fumantes de cigarro eletrônico estão transmitindo para os filhos uma grande quantidade de nicotina. E essa nicotina já entra em contato com os receptores de nicotina do cérebro dos seus filhos. E, na verdade, quando eles começarem a experimentar o tabaco, experimentar o cigarro eletrônico, eles vão ser dependentes mais facilmente, porque a nicotina já fez um trabalhinho ali no cérebro dessas pessoas. Fumar cigarro eletrônico não é interessante, é ilegal e, na verdade, os seus filhos estão recebendo já uma droga extremamente potente que é a nicotina”.


Dr. Bartô e os Doutores da Saúde
A coluna Dr. Bartô e os Doutores da Saúde, com o professor João Paulo Lotufo, vai ao ar quinzenalmente, segunda-feira às 9h, na Rádio USP (São Paulo 93,7 ; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.

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