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Em tempos de confinamento, a professora Marisa Midori tem indicado várias leituras em sua coluna Bibliomania, e nesta semana traz uma novidade, um filme que aborda o mundo dos livros: Vidas Duplas, de Olivier Assayas, que entrou em cartaz neste ano e agora é exibido em uma plataforma de streaming. Como diz Marisa, as mudanças das tecnologias de comunicação e informação estão na base dos problemas levantados nessa comédia francesa.

A professora conta que toda a trama aparece enfocada na vida de dois casais: um editor, interpretado por Guillaume Canet, e sua esposa, uma atriz estrelada por Juliette Binoche, e o escritor, vivido por Vincent Macaigne, e sua esposa, uma assessora política vivida pela atriz Nora Hamzali. Há ainda uma quinta personagem, interpretada por Christa Tenet que, nas palavras de Marisa, representa “o beijo da morte” do mundo da comunicação impressa. “Ela entra na editora para implantar novos produtos digitais, tem um romance com o editor, mas as coisas não são tão simples assim”, informa.

As mudanças tecnológicas interferem na vida das personagens e é exatamente este o ponto mais interessante do filme, comenta Marisa. “Não há uma ênfase nas questões mercadológicas, embora elas existam. O charmoso mundo da edição, retratado a partir de um bairro burguês de Paris, não reflete obviamente todo o mundo editorial. Então, podemos dizer que a vida dos personagens não foi desestabilizada pelas plataformas digitais de leitura, mas pelas mudanças nos padrões de comunicação que elas implicam”, diz, acrescentando que isso pode ser percebido em diferentes esferas da vida relacionada com as profissões das personagens. Enquanto a história se desenrola entre redes sociais e plataformas digitais, “um pilar da civilização, o livro, se desmaterializa, como as próprias relações pessoais…”.

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