Síndrome do Ovário Policístico é doença endócrina comum nas mulheres

Segundo o professor Gustavo Maciel, a doença pode atingir até 17% da população feminina em idade reprodutiva

 18/11/2019 - Publicado há 4 anos
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Alta taxa de hormônio masculino e cistos nos ovários são ocorrências da Síndrome do Ovário Policístico (SOP). Isso ocasiona em menstruação irregular, com períodos mal definidos, crescimento de pelos em locais não habituais e acne. Esses sintomas são comuns em outros distúrbios, então o diagnóstico da SOP é difícil.

A síndrome pode atingir até 17% da população feminina, segundo o professor Gustavo Maciel, responsável pelo ambulatório de Ginecologia Endócrina e Climatério do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina (FM) da USP. “É a doença endócrina mais comum nas mulheres em idade reprodutiva”, ele conta ao Jornal da USP no Ar, e alerta sobre o risco aumentado das pacientes para diabete, doenças cardiovasculares e obesidade.

Com esse risco em mente, somado ao difícil diagnóstico da síndrome, Maciel e sua equipe realizaram um estudo buscando um marcador para gordura no fígado, a esteatose hepática, comum em mulheres com a doença. Os pesquisadores realizaram um teste laboratorial em animais. Havia dois grupos: ratas com e sem a doença. Assim, analisaram os metabólitos, os produtos do metabolismo decorrentes do ciclo energético do animal.

“As ratinhas têm um fenômeno de acúmulo de gordura muito semelhante às mulheres”, aponta o médico. Artigo sobre o ensaio foi publicado na Scientific Reports, uma revista do grupo Nature. De acordo com ele, o próximo passo é levar os resultados ao grupo de gastroenterologia da FM, no intuito de realizar análises nas pacientes com SOP. Se os resultados forem satisfatórios, poderão ser feitos testes para grupos mais amplos da população feminina.

Maciel destaca o avanço, já que o diagnóstico da Síndrome do Ovário Policístico é feito atualmente com ultrassonografia e elastografia. Sem os exames, essas mulheres acabam descobrindo a esteatose hepática tardiamente. Encontrar um marcador eficiente traria respostas mais rápidas para a doença.

Por enquanto, os médicos montam quebra-cabeças, na medida em que eliminam uma a uma as outras doenças que podem se confundir com a SOP. Maciel salienta a necessidade de as pacientes com a síndrome realizarem exercícios físicos. “Para quem tem Síndrome do Ovário Policístico não é hobby”, alega. A prática tem benefícios para qualquer pessoa, mas nesse caso é essencial na prevenção dos riscos de diabete e problemas cardiovasculares.

Ouça a entrevista na íntegra no player acima.


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