Brasil tem elite digital com vantagens no mercado de trabalho

Na Bahia, 15% da população é usuária de primeira classe; no DF, são mais de 50%, segundo Marta Arretche

 19/11/2019 - Publicado há 4 anos

O Centro de Estudos da Metrópole (CEM) mapeia, pela primeira vez, a distribuição do acesso digital no Brasil. Os dados apontam mais uma desigualdade em território nacional. A professora Marta Arretche, do Departamento de Ciência Política da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) e diretora do CEM, explica que a conexão às redes de internet apresenta uma oferta inicial semelhante a outros bens coletivos, como tratamento de água, saneamento e coleta de lixo.

A análise foi feita a partir de informações da pesquisa TIC Domicílios, que monitora o acesso à infraestrutura de tecnologias de informação e comunicação. Primeiro, os cientistas dividiram a população em duas categorias, seguindo padrões internacionais. Usuários de primeira classe, com acesso à conexão banda larga via computador privado. E, segunda classe, aqueles que acessam por quaisquer outros meios: telefone celular, máquinas públicas, etc.

Marta alerta sobre as consequências da desigualdade de acesso à tecnologia de informação. “Diferentes recursos digitais impactam a vida profissional das pessoas”, diz. Atualmente, a seleção para uma vaga de emprego pode ter início em um formulário on-line. A diferença de conexão é a primeira desvantagem.

Na Bahia, cerca de 15% da população é usuária de primeira classe. No Distrito Federal, são mais de 50%. Os provedores de internet distribuem sua oferta de acordo com expectativas de consumo. A especialista indica que uma elite digital já se forma no Brasil, em uma concentração associada à renda. Para ela, a solução está em políticas públicas que incentivem o oferecimento do serviço privado aos mais pobres.

No exterior, são feitos mapas com comparações até em nível intermunicipal do acesso a essas tecnologias. Esse é o primeiro estudo de geografia digital do Brasil. Além das diferenças entre classes de usuários foi feita análise confrontando rural e urbano e interestadual. A pesquisa foi publicada no livro Desigualdades Digitais no Espaço Urbano: Um Estudo Sobre o Acesso e o Uso da Internet na Cidade de São Paulo, publicado pelo Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br).

Ouça a entrevista na íntegra no player acima.


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