Ministro não aponta meta para redução do desmatamento na Amazônia

Apesar da mudança de tom do governo, não há proposta efetiva para conter a derrubada da floresta, destaca Pedro Luiz Côrtes

 22/11/2019 - Publicado há 4 anos     Atualizado: 25/11/2019 as 14:30

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O desmatamento da Amazônia cresceu 29,54% em relação ao último ano. Os dados são do sistema Prodes, considerado o mais preciso para medir as taxas anuais de derrubada da floresta, e foram divulgados pelo Inpe nesta última semana. Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente, reconheceu os números e afirmou que o governo vai trabalhar para diminuir o desmatamento, mas não estabeleceu nenhum tipo de meta. Para conversar sobre o assunto, o Jornal da USP no Ar entrevistou o professor Pedro Luiz Côrtes, do Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental (Procam) do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da USP.

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A declaração do ministro, de acordo com o professor, demonstra um grande despreparo de Salles na gestão de projetos e administração pública. A aplicação de metas serve para analisar o sucesso ou não das medidas governamentais. “Quando o governo diz que vai desenvolver um projeto de redução do desmatamento, mas não vai estabelecer números, ele demonstra que não vai ter um critério de gestão para saber se esse projeto vem sendo bem executado, se ao final desse projeto ele foi exitoso.”

Ainda assim, há uma mudança de tom evidente no discurso do governo. Ao invés de rejeitar os números, o ministro se compromete a reduzir a derrubada da floresta. Côrtes, contudo, não acredita que a mudança no discurso seja refletida em ações efetivas, e que dificilmente alcançará a meta de não ter um desmatamento acima de 3,9 mil km² em 2020. “A gente passa por uma situação muito crítica em relação ao desmatamento, e a tendência é que ele se mantenha, infelizmente, elevado ao longo dos próximos anos, de acordo com as declarações do ministro nesta semana.”

A aposta da atual gestão na COP25, conferência da ONU sobre mudanças climáticas que será realizada em Madrid, no começo de dezembro, é uma proposta de captação de US$ 50 milhões junto a países estrangeiros. O dinheiro seria gerido pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), e repartido entre todas as nações que abrangem a floresta. Para o professor, a proposta causa espanto, já que “o discurso da gestão Bolsonaro sempre foi contra a internacionalização da Amazônia, e agora, quando ele se propõe a captar recursos no exterior, ele faz com que a gestão desses recursos seja efetivamente internacionalizada”.

Ouça a entrevista completa no player acima.


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