O desmatamento da Amazônia cresceu 29,54% em relação ao último ano. Os dados são do sistema Prodes, considerado o mais preciso para medir as taxas anuais de derrubada da floresta, e foram divulgados pelo Inpe nesta última semana. Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente, reconheceu os números e afirmou que o governo vai trabalhar para diminuir o desmatamento, mas não estabeleceu nenhum tipo de meta. Para conversar sobre o assunto, o Jornal da USP no Ar entrevistou o professor Pedro Luiz Côrtes, do Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental (Procam) do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da USP.
Ainda assim, há uma mudança de tom evidente no discurso do governo. Ao invés de rejeitar os números, o ministro se compromete a reduzir a derrubada da floresta. Côrtes, contudo, não acredita que a mudança no discurso seja refletida em ações efetivas, e que dificilmente alcançará a meta de não ter um desmatamento acima de 3,9 mil km² em 2020. “A gente passa por uma situação muito crítica em relação ao desmatamento, e a tendência é que ele se mantenha, infelizmente, elevado ao longo dos próximos anos, de acordo com as declarações do ministro nesta semana.”
A aposta da atual gestão na COP25, conferência da ONU sobre mudanças climáticas que será realizada em Madrid, no começo de dezembro, é uma proposta de captação de US$ 50 milhões junto a países estrangeiros. O dinheiro seria gerido pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), e repartido entre todas as nações que abrangem a floresta. Para o professor, a proposta causa espanto, já que “o discurso da gestão Bolsonaro sempre foi contra a internacionalização da Amazônia, e agora, quando ele se propõe a captar recursos no exterior, ele faz com que a gestão desses recursos seja efetivamente internacionalizada”.
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