Inundações, secas, queimadas, proliferação de mosquitos, tudo isso vem junto com as mudanças climáticas que acontecem nas vizinhanças ou dentro dos territórios urbanos, diz Paulo Saldiva, para quem, “depois de muito tempo de inação, de negação e de dizer que essas crises seriam fruto de uma imaginação ou de um devaneio científico, elas vieram bater às nossas portas, dentro do nosso tempo e afetando a nós e as pessoas que amamos”. Mas há alguma coisa de bom dentro desse cenário em que a preocupação desponta como sentimento predominante, uma vez que “houve uma movimentação, um movimento gerado pela insatisfação e pela visibilidade do problema, que chegou tão perto de nós, para que se começassem a fazer comitês de preparação para fazer frente a esses agravos; inicialmente, a iniciativa parte da saúde, com adequação da rede e treinamento de profissionais, mas já existem movimentos para que se comece a valorar as perdas e colocar isso numa esfera de decisão, mesmo que não seja global, mas dentro de territórios específicos de nosso país”.
Saldiva acredita que a força dos recentes acontecimentos trouxe uma dinâmica na política brasileira e a possibilidade de as questões ambientais não serem vistas como um fruto de pessoas românticas, mas da necessidade real das pessoas nas cidades que vivemos. A Academia, de acordo com ele, pode ajudar – e muito – nesse processo. “A Universidade de São Paulo acaba de inaugurar, dentro do seu Instituto de Estudo Avançados, uma cátedra de mudanças climáticas e esperamos então, com isso, que a USP possa ainda mais contribuir para a solução dos problemas que assolam o nosso país de uma forma tão imediata.”
Saúde e Meio Ambiente
A coluna Saúde e Meio Ambiente, com o professor Paulo Saldiva, vai ao ar toda segunda-feira às 8h, quinzenalmente, na Rádio USP (São Paulo 93,7 ; Ribeirão Preto 107,9 ) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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