Criado na década de 1960 pela Organização das Nações Unidas, com o objetivo de atuar no combate à fome no mundo, o Programa Mundial de Alimentos (PMA) vai receber, em dezembro próximo, o Prêmio Nobel da Paz. Em sua coluna desta semana, Pedro Dallari informa que o PMA alcançou, no ano passado, 97 milhões de pessoas em 88 países, justamente aqueles que apresentam uma situação de fome mais grave. Os dados do programa mostram, portanto, que a fome no mundo ainda é um flagelo a ser combatido, já que 690 milhões de pessoas passam fome. “Nesse contexto”, diz Dallari, “135 milhões de pessoas, em 55 países do mundo, sofrem de insegurança alimentar grave, num quadro inclusive de desnutrição crônica”.
O colunista nota que o Brasil não marca presença na lista de países atendidos pelo PMA, mas que, ainda assim, “o quadro é bastante grave”, conforme levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e divulgado em setembro, a partir de dados coletados no biênio 2017/18, referentes à pesquisa de orçamento familiar. Houve aumento de 43% da população brasileira com problemas para garantir alimentos em sua mesa nos dois anos cobertos pela pesquisa, em comparação aos cinco anos imediatamente anteriores. “Isto se deve basicamente à crise econômica de 2015, fazendo com que 85 milhões de brasileiros tenham tido algum grau de insegurança alimentar e 11 milhões destes um quadro de insegurança alimentar muito grave.”
Ou seja, apesar dos avanços nessa área, propiciados sobretudo pelo Programa Fome Zero – criado em 2003, durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva -, houve um retrocesso nos últimos anos, o que faz com que o problema venha por merecer mais atenção por parte dos formuladores de políticas públicas. De resto, Dallari lembra que o combate à fome faz parte dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, que preveem, em um de seus artigos, que o mundo chegue a 2030 com um quadro de fome zero.
