Estudo avalia os altos índices de criminalidade no País

Indicadores econômicos e níveis de escolaridade podem explicar a ocorrência de crimes como homicídio doloso, furtos e roubos de veículos

 Publicado: 30/10/2024 às 7:37

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Estudo realizado na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA-RP) da USP de Ribeirão Preto analisa as causas da criminalidade no País. Foram abordados dois tipos específicos de crime: o homicídio doloso e os furtos e roubos de veículos. O professor Luciano Nakabashi, ao comentar esses dados, constata que o Brasil é um país bastante violento. Em relação ao homicídio, indicadores econômicos, como taxa de desemprego, podem ser usados como fatores explicativos desse tipo específico de crime; outra variável é o nível de escolaridade, pois, segundo Nakabashi, quanto maior o nível de escolaridade, menor o índice de criminalidade, tanto no caso de mortes violentas intencionais quanto no de furtos e roubos de veículos. “Uma população mais escolarizada também tem a ver com oportunidades no mercado legal, com mais consciência em termos de valorizar também as relações sociais, a outra pessoa, porque tem muitas coisas que estão relacionadas ao nível de escolaridade, inclusive até um bom ambiente familiar.”

O estudo também se estende sobre o número de policiais mortos de forma violenta quando no exercício de suas funções, assim como as mortes violentas decorrentes de intervenções policiais. “O tipo de política para prevenir, que é muito nessa base da truculência, na verdade tem gerado mais violência em termos de mortes no País.” No que se refere às consequências econômicas, chama a atenção a relação existente entre insegurança e investimentos, ou melhor, a falta destes. “Quando as pessoas têm uma insegurança em fazer um investimento,  abrir um negócio, comprar um bem de alto valor, tudo isso acaba tendo impacto negativo sobre os investimentos produtivos. As pessoas, quanto mais inseguras elas estão – pode ser em relação ao mercado ou em relação à criminalidade -,  caso ela tenha investimento, começa a ganhar dinheiro, ela pode ser sequestrada, ela pode ser assaltada, podem assaltar a empresa dessa pessoa ou ela pode também estar mais suscetível a sofrer golpes. Tudo isso acaba gerando mais incerteza em relação ao retorno, em relação à própria segurança”, revela o colunista, antes de fazer uma observação: “Tem pessoas que até saem do País, a gente tem percebido um fluxo de pessoas saindo do País, e também a violência acaba sendo importante, então é uma redução do capital humano, são pessoas muitas vezes qualificadas que poderiam estar contribuindo no País e acabam saindo pela questão da violência”.

Para concluir, Nakabashi diz que são muitas as implicações econômicas e que a economia também afeta a violência. “Há outros estudos que mostram que desigualdade e pobreza também são relevantes, uma coisa afeta a outra, eu acho que a gente tem que pensar em cuidar melhor da população, em dar um suporte maior, tirar essas pessoas da pobreza, dar mais oportunidade no mercado de trabalho até para reduzir o nível de criminalidade no País.”


Reflexão Econômica
A coluna Reflexão Econômica, com o professor Luciano Nakabashi, vai ao ar quinzenalmente,  quarta-feira às 9h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.

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