Na coluna desta semana, o professor Octávio Pontes explica a estimulação por theta-burst de alta dose (TBS), uma técnica de estimulação cerebral não invasiva usada na neuropsiquiatria e neurologia. “TBS é uma forma de estimulação magnética transcraniana repetitiva (rTMS), que entrega rajadas curtas de pulsos magnéticos de alta frequência ao cérebro. Essas rajadas são padronizadas para imitar os ritmos naturais de theta do cérebro, que são em torno de 5 Hz (cinco ciclos por segundo). A estimulação theta-burst de alta dose (TBS) está associada a uma melhora significativa na função motora dos membros superiores após um acidente vascular cerebral (AVC). Tanto o grupo que recebeu TBS intermitente (iTBS) quanto o que recebeu TBS contínuo (cTBS) mostraram melhorias maiores do que aqueles que receberam estimulação simulada.
A metodologia consta dos participantes terem sido recrutados pelo Departamento de Internação do Centro de Pesquisa em Reabilitação da China, em Pequim. Eram pacientes que tiveram um primeiro AVC há pelo menos um mês, com idade entre 18 e 70 anos, e com comprometimento motor unilateral nos membros. O tratamento durou três semanas, com cinco dias consecutivos por semana, durante os quais todos os pacientes receberam a estimulação atribuída e programas de reabilitação motora convencionais. Os participantes, avaliadores clínicos, terapeutas comportamentais, analistas de dados e outros membros da equipe de pesquisa não sabiam qual tratamento cada participante estava recebendo. Foram realizadas várias avaliações neuropsicológicas no início (T0) e após uma e três semanas de intervenção.
Como resultados principais, significativamente mais participantes nos grupos de iTBS e cTBS mostraram respostas clinicamente significativas, indicadas pela diferença mínima clinicamente importante na avaliação de Fugl-Meyer para membros superiores, em comparação com o grupo simulado. As análises post-hoc revelaram um efeito significativamente maior no grupo de iTBS em comparação com o grupo simulado. No entanto, os autores observaram que o pequeno tamanho da amostra e o design do estudo em um único centro podem limitar a generalização dos resultados. Além disso, o tempo da terapia convencional em relação às sessões de TBS não foi rigidamente estruturado devido à viabilidade clínica, o que pode afetar a interpretação da eficácia do tratamento. Por fim, o limite superior de idade pode ter excluído uma parte considerável da população acometida por AVC, especialmente porque o início do AVC geralmente ocorre em idades mais avançadas, ainda mais em mulheres.
O minuto do Cérebro
A coluna O minuto do Cérebro, com o professor Octávio Pontes Neto, vai ao ar quinzenalmente, terça-feira às 8h30, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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