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Para o colunista Renato Janine, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, se equivocou ao falar que as crianças com deficiência atrapalham o aprendizado das outras. Janine conta que, há muito tempo, era comum separar os alunos conforme a velocidade de aprendizado. Apesar de um bom resultado no curto prazo para os acelerados, ele diz que, no longo prazo, isso traz muitos prejuízos, porque educação não é simplesmente o adestramento das pessoas ou o fornecimento de conhecimentos ou um treinamento, mas vai além: é a formação de um ser humano.

As crianças acabam por se relacionar com outras, diferentes, de todos os tipos: de aprendizagem mais rápida ou vagarosas, algumas mais aptas para o conhecimento em matérias científicas, outras para matérias de humanidades. “E o interessante na sala de aula é você ter todas as pessoas assim. Isso vale, em especial, para as crianças com deficiência”, diz o professor.

O professor diz que um dos grandes problemas da nossa sociedade e da nossa educação é o apartheid social, que a nossa educação reproduz e agrava. Não há convivência de ricos com pobres ou de pessoas com cores de peles, culturas ou religiões diferentes. Se houver uma separação também das crianças com deficiência, haverá uma acentuação disso, de fazer elas conviverem apenas com quem é igual a elas. Escola precisa ser o lugar do aprendizado da diferença, pois, muitas vezes, a própria pessoa não sabe da sua própria diferença, diz o colunista.

Janine lembra ainda que a questão da educação das pessoas com deficiência está na Meta Quatro do Plano Nacional de Educação. E o que pouca gente sabe é que um dos públicos visados nessa meta são aquelas pessoas com aprendizado muito rápido: os superdotados ou com altas habilidades. Esse grupo também sofre e tem dificuldade em uma sala de aula, no convívio com os demais, destaca o professor.