Enquanto isso, no Afeganistão, prevalecem o medo, a tristeza e o cansaço

Marília Fiorillo comenta a atual situação do Afeganistão por meio do documentário “Hollywoodgate”, que vem fazendo sucesso mundo afora

 23/08/2024 - Publicado há 1 mês

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O documentário Hollywoodgate, que tem feito bastante sucesso em festivais internacionais ao redor do mundo, é o foco da atenção da coluna Conflito e Diálogo desta semana. Dirigido pelo cineasta e jornalista egípcio Ibrahim Nash’at, o filme revela “aquela espetacular e constrangedora fuga em massa das tropas americanas do Afeganistão em agosto de 2021, enquanto os afegãos tentavam se pendurar nos aviões e o Talibã invadia Cabul”. Na base militar abandonada pela CIA, o público pode ver os vestígios do dia a dia das tropas americanas, como geladeiras e banheiros. Mas o que mais surpreende, segundo Marília, é o estoque de armas de US$ 7 bilhões que os EUA deixou para trás, para uso do Talibã, que pode contar com veículos militares e aeronaves, também abandonados. Na época, o comando militar norte-americano alegou que o equipamento estava obsoleto, “mas o cineasta egípcio constatou em suas filmagens que os reparos estavam sendo feitos e apresentou cenas em que armas, aeronaves, blindados estão prontos para entrar em ação”, revela a colunista.

“Resta lembrar que, nestes três anos em que o Talibã, com o beneplácito norte-americano, reassumiu o controle do Afeganistão, a vida das mulheres não poderia ser pior: as meninas estão proibidas de frequentar escolas secundárias, as mulheres restritas a uma pequena categoria de trabalhos que podem realizar, os salões de beleza foram fechados e todas as criaturas do sexo feminino, de qualquer idade, estão terminantemente proibidas de passear em parques, frequentar academias ou praticar esportes.” A ONU calcula que mais de dois terços do país não tem atualmente o que comer, e a situação apenas piora, revelando níveis de pobreza e miséria indescritíveis.

Marília termina sua coluna com uma frase do cineasta egípcio: “Mesmo que eu fosse partidário do Talibã, dá para ver nos olhos das pessoas o medo, a tristeza e o cansaço. Mais triste ainda é que ninguém mais se importa com o que está acontecendo nesse país, agora esquecido”.


Conflito e Diálogo
A coluna Conflito e Diálogo, com a professora Marília Fiorillo, vai ao ar quinzenalmente sexta-feira às 8h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9 ) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.

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