Em Mianmar, povo sai às ruas e pede desculpas pelo massacre da etnia rohingya

A professora Marília Fiorillo comemora a iniciativa, que pode sinalizar novos tempos no país: “A sociedade birmanesa começa a desejar não só uma democracia, mas uma democracia inclusiva”

 19/02/2021 - Publicado há 3 anos

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Após o golpe militar em Mianmar, a população saiu às ruas, num movimento de desobediência civil que, segundo a professora Marília Fiorillo, jamais foi visto por lá. O fato é que centenas de milhares de pessoas foram às ruas nas principais cidades, mas de forma pacífica, “em que as táticas empregadas fala muito sobre a geração que lidera esse movimento: painéis de arte, pichações, adesivos colocados em toda parte, gente deitada nas linhas de trem e, principalmente, a tática do carro quebrado”.  Uma mobilização inesperada, que rendeu a prisão de cerca de 500 pessoas.

“A grande novidade, a maior delas, foram os cartazes pedindo desculpas pelo massacre dos rohingya”, sublinha Marília, não sem antes lembrar que a solidariedade com as minorias é completamente inédita naquele país. Ela acrescenta que o general que comandou o golpe prometeu na TV repatriar os rohingya para uma província, mas, ao mesmo tempo, a colunista lembra que os militares que promoveram o massacre são acusados de genocídio, razão pela qual “os representantes dos rohingya no exílio consideram esse aceno uma armadilha e temem que a repatriação seja apenas para chinês ver.”

Por fim, conclui: “Seria temerário prever a evolução dos acontecimentos, mas essa iniciativa dos jovens para mudar a opinião pública sobre as invisíveis minorias, dando-lhes cidadania, é talvez o fato mais importante dessas manifestações. A sociedade birmanesa começa a desejar não só uma democracia, mas uma democracia inclusiva”.


Conflito e Diálogo
A coluna Conflito e Diálogo, com a professora Marília Fiorillo, vai ao ar quinzenalmente sexta-feira às 8h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9 ) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.

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