A dissociação motora cognitiva é um fenômeno em que pacientes com lesões cerebrais que aparentemente não respondem a comandos verbais podem, na verdade, estar realizando tarefas cognitivas que são detectadas através de ressonância magnética funcional (fMRI) e eletroencefalografia (EEG). Nas ultimas semanas, um estudo publicado na revista New England Journal of Medicine, envolvendo 353 adultos com distúrbios de consciência, teve como objetivo avaliar sistematicamente esse fenômeno em uma grande amostra. Os pesquisadores queriam entender melhor a capacidade desses pacientes de realizar tarefas cognitivas, mesmo sem uma resposta comportamental evidente.
Segundo o professor, os resultados foram bastante impressionantes. Os pesquisadores descobriram que cerca de 25% dos pacientes que não apresentavam respostas observáveis a comandos verbais ainda conseguiam realizar tarefas cognitivas que foram detectadas por fMRI ou EEG. Esses pacientes, que são frequentemente diagnosticados em estados como coma ou estado vegetativo, mostraram sinais de atividade cognitiva que não são capturados pelos métodos tradicionais de avaliação comportamental. O estudo também revelou que essa dissociação motora cognitiva era mais comum em pacientes mais jovens, que sofreram traumas cerebrais, e que estavam mais tempo após a lesão. Essas descobertas abrem novas perspectivas para a compreensão e o tratamento desses pacientes.
O minuto do Cérebro
A coluna O minuto do Cérebro, com o professor Octávio Pontes Neto, vai ao ar quinzenalmente, terça-feira às 8h30, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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