Desafios e soluções para a segurança alimentar no Brasil

Dirce Marchioni fala a respeito do segundo simpósio do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) Combate à Fome, cujo tema é “Políticas Públicas de Segurança Alimentar no Brasil”

 02/12/2024 - Publicado há 1 mês
Imagem de um trator arando um campo agrícola
Há necessidade de conciliar a alta produtividade com práticas agroecológicas que respeitem o meio ambiente e os pequenos produtores – Foto: existentist via Wikimedia Commons /CC BY 2.0
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Na próxima quarta-feira (4), das 8h30 às 18h30, o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) Combate à Fome promove seu segundo simpósio, com o tema Políticas Públicas de Segurança Alimentar no Brasil: Pesquisas para Governança e Transformação dos Sistemas Alimentares. O evento, que ocorre de forma híbrida, será realizado na Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP e transmitido pelo YouTube. Dirce Marchioni, presidente do INCT e professora da FSP, destaca que a iniciativa visa a impulsionar debates sobre a erradicação da fome e a promoção de segurança alimentar sustentável.

O simpósio reúne especialistas de diversas áreas para discutir três eixos principais: produção agrícola sustentável, saberes para o enfrentamento à má alimentação e o papel da comunicação científica e da educação. Segundo Dirce, o objetivo do evento é disseminar conhecimento e fomentar a criação de políticas públicas eficazes. “Não só erradicar a fome, mas promover as condições para que todos alcancem a segurança alimentar, que significa ter acesso e disponibilidade permanente à alimentação saudável, produzida de forma sustentável, ou seja, que o sistema alimentar não coloque mais carga que contribua para as mudanças climáticas”, afirma.

Mulher branca, meia idade, cabelos escuros, blusa preta
Dirce Marchioni – Foto: Divulgação/FSP USP

Eixos temáticos

Sobre a produção agrícola sustentável, a professora demonstra otimismo quanto aos avanços, mas reconhece desafios. Ela aponta a necessidade de conciliar a alta produtividade com práticas agroecológicas que respeitem o meio ambiente e os pequenos produtores. “A esperada erradicação da fome, naquela época que guiou essa abordagem, não aconteceu. De forma global, continuamos ainda com milhões de pessoas passando fome. E, por outro lado, essa forma de produção trouxe muitos dos problemas que hoje enfrentamos em relação ao uso do solo e da água, perda de biodiversidade, problemas sociais, problemas de saúde e a falta de advogados a favor dos pequenos produtores e de uma produção agroecológica. No entanto, esse é um campo de muita disputa e o Brasil é um produtor agrícola extremamente importante”, ressalta.

Outro ponto de destaque é o resgate de saberes ancestrais e práticas locais, a partir de uma outra relação com a produção e consumo de alimentos, para uma alimentação mais saudável. Dirce destaca o Guia Alimentar para a População Brasileira como um exemplo de política pública que alia ciência e cultura. “O guia, que completa dez anos este ano, já traz essa perspectiva de um consumo de alimentos in natura, além de falar da comensalidade, comer junto e em família, preparar a alimentação”, disse. Ela reforça que a pesquisa científica tem papel essencial no apoio a iniciativas que promovam transformações estruturais e reduzam desigualdades.

Comunicação

A comunicação científica também será tema central. A especialista enfatiza que a transmissão do conhecimento deve ser feita de forma acessível e colaborativa, envolvendo as comunidades afetadas. “Isso significa cocriação em muitas pesquisas, uma participação já orgânica da comunidade, desde o desenho da pesquisa, colaborando na condução, que é a ciência cidadã, mas também trazer a informação através de múltiplas formas, usando as mídias sociais e ferramentas como o podcast, as oficinas culinárias, trazendo também para o debate, indo nas comunidades, buscando essa coparticipação. No nosso simpósio vai ter uma perspectiva tanto de soberania alimentar como também diálogos entre a educação popular e a educação alimentar e nutricional”, explica.

O evento, com vagas limitadas — mas ainda abertas —, contará ainda com uma feira agroecológica no pátio da FSP, promovendo a interação entre teoria e prática. Além das discussões acadêmicas e da exposição de trabalhos científicos, os participantes poderão conhecer produtos artesanais e agrícolas de pequenos produtores, reforçando a importância de ações concretas no combate à fome. “É uma ação importante, não é só falar, é fazer acontecer o que nós estamos pleiteando, que é essa participação de todos”, conclui.


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