Demolir o Ginásio do Ibirapuera é destruir um marco do Modernismo

Martin Grossmann se junta ao movimento dos professores da FAU/ USP indignados pelo espaço ser entregue para a construção de shopping e hotel

 09/12/2020 - Publicado há 3 anos
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“Por que não abriram um concurso nacional, internacional para se repensar o uso, a função, a utilidade e a necessidade de renovação do Complexo do Ginásio do Ibirapuera, para que esse conjunto tenha maior participação na dinâmica da cidade?” A questão e sugestão são de Martin Grossmann em sua coluna Na Cultura, o Centro Está em Toda Parte, na Rádio USP (clique e ouça o player acima).

Indignado com a total falta de criatividade e de projeção do futuro do governo paulista, Martin Grossmann se junta ao movimento dos professores da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP para protestar contra a decisão do governo estadual de entregar o Conjunto Esportivo Constâncio Vaz Guimarães para a iniciativa privada, que tem projetos para transformar o marco do Modernismo em centro comercial e construção de um hotel.

Para mostrar o tamanho da ameaça ao lazer, esportes e cultura de São Paulo, Grossmann compara como seria assustador se iniciativas semelhantes acontecessem em outros marcos importantes do Modernismo, como o aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro: “O que a iniciativa privada faria nesse local quando ele exerce uma função incrível para uma cidade de permitir o acesso àquela paisagem, para que os cidadãos possam usufruir não só da praia, mas também da baía e de diversas atividades que ali ocorrem, sejam esportivas, de lazer e culturais ”, comenta. O colunista cita também o Conjunto Arquitetônico da Pampulha, em Belo Horizonte. “A Pampulha foi projetada para ser esse lugar mais da classe média alta, mas que inspirou Juscelino Kubitschek e o arquiteto Oscar Niemeyer no projeto de Brasília.”

Grossmann traz ainda um outro exemplo trágico: ”Imaginem se a iniciativa privada fosse autorizada a intervir no próprio campus do Butantã, outro marco do Modernismo na nossa cidade de São Paulo?”. São hipóteses, mas quem imaginaria o que está acontecendo com o Conjunto Esportivo Constâncio Vaz Guimarães? “A nossa rica história modernista, eu diria, está pautada por governantes contraditórios, paradoxais, mas que imaginaram o Brasil do futuro, que tinham a capacidade de inspirar a população a pensar não só no aqui e agora, mas no futuro.”


Na Cultura, o Centro está em Toda Parte
A coluna Na Cultura o Centro está em Toda Parte, com o professor Martin Grossmann, vai ao ar quinzenalmente, terça-feira às 9h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP,  Jornal da USP e TV USP.

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