Defesa do complexo do Ibirapuera diz respeito ao direito ao lazer e ao esporte

Segundo Giselle Beiguelman, projeto de concessão à iniciativa privada, que prevê demolição dos equipamentos esportivos e construção de centro comercial, desconsidera valor arquitetônico e história das políticas públicas

 16/11/2020 - Publicado há 3 anos
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Giselle Beiguelman, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, defende o direito ao lazer e ao esporte representado pelo Complexo Esportivo do Ibirapuera, ameaçado pelo projeto de concessão à iniciativa privada elaborado pelo governo do Estado. “Este projeto inclui a construção de uma arena e prevê a demolição de todos os equipamentos esportivos, com exceção do ginásio principal, que seria transformado em centro comercial”, comenta em sua coluna Ouvir Imagens da Rádio USP (clique no player acima e ouça). “Ocorre, porém, que o Condephaat recomendou o seu tombamento, o que impediria o projeto apresentado pelo governador.”

A professora ressalta, no entanto, que, apesar desse estudo feito pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo, não houve ainda deliberação sobre esse tema e o governo do Estado está se apoiando nisso para seguir em frente com sua proposta. “Esse é um espaço marcante no conjunto da arquitetura moderna brasileira, fundamental para compreender as arquiteturas para o tempo livre e o lazer. O autor de seu projeto, Ícaro de Castro Mello, foi um atleta e consagrado autor de diversas obras relevantes esportivas em vários Estados e também na cidade.”

Giselle Beiguelman esclarece que os edifícios principais — o ginásio, estádio e parque aquático — são também os principais exemplos de aplicação da linguagem brutalista. “Eles fazem parte da história do Parque do Ibirapuera, em diálogo com as áreas que têm uso natural e cultural. Em síntese, o projeto de concessão elaborado pelo governo do Estado desconsidera tudo isso: arquitetura, valor simbólico, inserção urbana.”

A colunista ressalta que a construção do ginásio precisa ser entendida, portanto, como parte de um processo maior de construção de equipamentos esportivos e de lazer na cidade e no Estado de São Paulo. “A defesa, portanto, do Ginásio do Ibirapuera e do Complexo Esportivo é também uma defesa do direito ao lazer e das políticas públicas relacionadas ao esporte.”


Ouvir Imagens 
A coluna Ouvir Imagens, com a professora Gisele Beiguelman, vai ao ar quinzenalmente, segunda-feira às 8h, na Rádio  USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP,  Jornal da USP e  TV USP.

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