“Concessão do Pacaembu por um prazo tão grande e valor abaixo do estimado é inadmissível”

De acordo com Nabil Bonduki, detalhes da negociação envolvem ceder o espaço à uma empresa privada por um prazo de 35 anos, com uma outorga de R$ 115 milhões

 21/04/2022 - Publicado há 2 anos     Atualizado: 25/04/2022 as 12:18
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Na edição de Cotidiano na Metrópole desta semana, o arquiteto e urbanista Nabil Bonduki, professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP, discute o processo e os méritos da concessão do Estádio Municipal Paulo Machado de Carvalho, mais conhecido por Estádio do Pacaembu, na capital paulista.

Para o professor, a concessão, assinada em 2019, para o Consórcio Allegra Pacaembu “tem sido muito contestada por vários aspectos”. Os detalhes da negociação envolvem ceder o espaço a uma empresa privada por um prazo de 35 anos, com uma outorga de R$ 115 milhões.

“Na concessão está incluído não só o estádio, como também o espaço do antigo tobogã, que foi demolido para construção de um prédio comercial, além do Centro Esportivo que fica atrás do estádio”, explica Bonduki, ao reforçar que o patrimônio paulistano foi ofertado abaixo do seu valor, para ser, em essência, explorado comercialmente, sem nenhum retorno efetivo.

“São 150 mil metros quadrados cedidos por um prazo longo para o setor privado, que realizará nele uma série de atividades, envolvendo construção de shopping, restaurantes, hotel e também um lugar de espetáculo de shows para a alta elite da cidade”, enumera o urbanista

Para o professor, “é inadmissível que a Prefeitura conceda um equipamento por um prazo tão grande para uma empresa privada”, já que o estádio perde a sua finalidade como equipamento público. Não bastando isso, é questionável que seu Centro Esportivo, que antes promovia cursos gratuitos para a população, seja transformado em uma “espécie de academia privada”.


Cotidiano na Metrópole
A coluna Cotidiano na Metrópole, com o professor Nabil Bonduki, vai ao ar quinzenalmente às quinta-feira às 9h00, na Rádio  USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção a Rádio USP,  Jornal da USP e  TV USP.

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