Smartwatchs apresentam pontos fortes, mas também limitações em suas medições

Bruno Bedo afirma que esses dispositivos de pulso medem adequadamente a frequência cardíaca em atividades laboratoriais, mas estimam mal o gasto energético, o que sugere cautela no uso dessas medidas

 24/03/2023 - Publicado há 1 ano     Atualizado: 27/03/2023 as 11:00

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O smartwatch tem se mostrado uma ferramenta valiosa para monitorar múltiplos aspectos da saúde, sendo capaz de auxiliar na avaliação do progresso do condicionamento físico. Contudo, é necessário considerar que os valores obtidos por meio desse dispositivo nem sempre são precisos e confiáveis. Principalmente pela precisão dos dispositivos comerciais não ser amplamente conhecida. Apesar dessa limitação, é notável o crescente número de indivíduos que têm adotado essa tecnologia como um meio de incentivo à prática de atividades físicas. Embora essa motivação seja um aspecto positivo, é importante avaliar até que ponto é seguro confiar nos dados obtidos.

De acordo com Bruno Bedo, um grupo de pesquisadores da Universidade de Stanford comparou diferentes marcas de relógio em diferentes contextos: em ambiente laboratorial, caminhada, corrida e ciclismo, em baixa e alta intensidade. Foi apontado que, na maioria das configurações, as medições da frequência cardíaca estavam dentro da faixa de erro aceitável (5%), já na medição do gasto energético de calorias daquela determinada atividade, houve erros de 20% a 80%. O que significa dizer que a maioria dos dispositivos de pulso mede adequadamente a frequência cardíaca em atividades laboratoriais, mas estimam mal o gasto energético, sugerindo cautela no uso de medidas de gasto energético durante o exercício físico.

Bedo fala a seguir dos fatores que afetam os valores encontrados nos smartwatchs. Existem variáveis intrínsecas: sexo, índice de massa corporal, tom da pele, que podem afetar a assertividade das métricas mensuradas pelos relógios, e extrínsecas (tipo de exercício realizado  e condições ambientais). Ainda de acordo com o colunista, indivíduos e profissionais que se utilizam dessa ferramenta devem estar cientes dos pontos fortes e das limitações dos dispositivos, principalmente para quantificação do consumo, do gasto calórico e também da frequência cardíaca. É importante incentivar a transparência das empresas de dispositivos e a liberação consistente de dados de validação para facilitar a integração de tais dados no atendimento clínico.


Ciência e Esporte
A coluna Ciência e Esporte, com o professor Bruno Bedo, vai ao ar toda sexta-feira às 10h00, na Rádio USP (São Paulo 93,7 FM; Ribeirão Preto 107,9 FM) e também no Youtube, com produção do Jornal da USP e TV USP.

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