A invasão do Capitólio, ocorrida no dia 6 de janeiro, mostrou ao mundo o poder inflamatório que podem ter as palavras de um líder influente. O ataque resultou em perdas políticas, para as instituições dos EUA, e humanas. Visto que “Bolsonaro tem um discurso ainda mais agressivo que o do presidente norte-americano”, Lins da Silva aponta a situação dos jornalistas e veículos de comunicação brasileiros, alvos prediletos do mandatário, como “preocupante”.
O mais recente Relatório da Violência contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa no Brasil reitera a preocupação. O documento demonstra que o ano de 2020 foi o mais violento desde a década de 1990. E os discursos de Jair Bolsonaro e seus apoiadores contra veículos de informação que não os agradam podem ter parte nisso.
Um levantamento dos dados do Instituto Verificador de Comunicação, que contabiliza as vendagens dos veículos jornalísticos brasileiros, mostra que a circulação de exemplares no Brasil estagnou em 2020. Mas o fato preocupante é de que os dez maiores veículos do País vendem no total 1,4 milhão de exemplares diariamente – a título de comparação, na década de 1990, a Folha de S. Paulo vendia, em um único domingo, 1,5 milhão de cópias.
Os números expõem a queda nas tiragens dos veículos jornalísticos brasileiros. O colunista acrescenta que diferentemente dos norte-americanos que, ao se oporem a Trump e cobrirem magistralmente a pandemia, recuperaram parte de suas perdas, os brasileiros permanecem estagnados e em tendência de queda.
Horizontes do Jornalismo
A coluna Horizontes do Jornalismo, com o professor Carlos Eduardo Lins da Silva, vai ao ar quinzenalmente, segunda-feira às 8h30, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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