Colunista comenta saída das tropas americanas do Afeganistão

Segundo Alberto do Amaral, é impossível implantar a liberdade em um país quando um governo ou a sociedade não estão interessados no projeto

 31/08/2021 - Publicado há 3 anos
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As tropas norte-americanas deixaram o Afeganistão nesta terça-feira (31), depois de 20 anos de intervenção militar no país. É importante fazer um balanço do que foi essa intervenção, o que ela significou para as relações internacionais e qual o seu significado futuro. O ataque norte-americano ao Afeganistão em 2001 foi uma resposta aos atentados às torres gêmeas no mesmo ano. Foi considerado uma legítima defesa. Só que, segundo as regras internacionais, a legítima defesa deve ser imediata e sucessiva no tempo da agressão ocorrida, e isso não ocorreu.

Os Estados Unidos são um país com longa tradição democrática, com uma Constituição com mais de 200 anos, e tentaram repetir no Afeganistão uma democracia liberal. O fato é que essa tentativa colidiu com uma cultura tribal, com tradições completamente diferentes, e o choque entre as duas culturas provocou a derrota da cultura ocidental e o fortalecimento do Talibã que, aos poucos, foi reconquistando parte do país até chegar na capital, Cabul.

É impossível implantar a liberdade em um país quando um governo ou a sociedade não estão interessados no projeto. Somente em casos muito excepcionais a intervenção estrangeira é admitida. A derrota dos Estados Unidos na Ásia marca a influência da China e Rússia no Afeganistão. Ambos os países apoiam a soberania absoluta, ou seja, o governo pode fazer o que quiser com os direitos humanos e não respeita as liberdades civis. Há dúvidas sobre o futuro da região asiática onde o Afeganistão está situado.


Um Olhar sobre o Mundo
A coluna Um Olhar sobre o Mundo, com o professor Alberto Amaral, vai ao ar quinzenalmente, terça-feira às 8h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9 ) e também no Youtube, com produção da Rádio USP,  Jornal da USP e TV USP.

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