Criação de coronavírus híbrido levanta questões éticas

O objetivo era entender as diferenças entre a variante original (altamente letal) e a ômicron (muito transmissível); artigo ainda não foi revisado por outros cientistas

 10/11/2022 - Publicado há 1 ano
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Cientistas da Universidade de Boston, nos Estados Unidos, criaram em laboratório um coronavírus híbrido, combinando a variante ômicron com a variante original. O objetivo foi tentar entender por que a ômicron causa uma doença leve e a original causou tantas mortes.

O resultado da pesquisa está em formato pré-print (ainda não revisado por outros cientistas), mas já causa preocupação na comunidade científica.

“[A pesquisa] levanta questões importantes: qual é o risco de manipular e, principalmente, modificar o sars-cov-2 em laboratório? Será que uma pesquisa como essa foi aprovada previamente pelos comitês de ética?”, diz Mayana Zatz, diretora do Centro de Estudos sobre o Genoma Humano e Células-Tronco da USP.

Mayana conta que, no Genoma, o objetivo dos cientistas é o mesmo dos da Universidade de Boston, mas com uma abordagem diferente. “Estamos produzindo linhagens celulares de idosos que tiveram formas leves ou ficaram assintomáticos, e linhagens de pessoas que tiveram formas graves – e até letais – da covid-19, e vamos infectar, em laboratório de máxima segurança, essas linhagens com as duas variantes da sars-cov-2: a Delta, responsável pelas formas graves, e a Ômicron, pelas formas leves, e comparar o comportamento das duas variantes”, explica a geneticista “Além disso, nós vamos comparar uma pessoa que não foi infectada pela variante original antes das vacinas, mas que foi infectada pela ômicron após ser vacinada.”

Na coluna de hoje (10), Mayana fala sobre os resultados do estudo realizado em Boston e os cuidados a serem tomados em pesquisas com vírus desse tipo.


Decodificando o DNA
A coluna Decodificando o DNA, com a professora Mayana Zatz, vai ao ar quinzenalmente, quarta-feira às 9h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP,  Jornal da USP e TV USP.

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