Um caso publicado na revista Vaccines em agosto chamou a atenção da comunidade científica e suscitou um debate ético. A cientista Beata Halassy, da Croácia, tratou seu próprio câncer de mama com vírus que ela já trabalhava em seu laboratório e se responsabilizou pela viroterapia oncolítica a que se submeteu.
Durante dois meses, uma colega injetou vírus preparados em laboratório: o do sarampo e outro chamado vesicular stomatitis (VSV), que causa lesões na boca, febre e perda de peso em animais. “Ela escolheu esses patógenos porque sabia-se que os dois infectam células do tipo que deram origem ao seu tumor, e eles já haviam sido utilizados em experiências prévias. O do sarampo já havia sito testado em câncer de mama metastático”, explica Mayana Zatz, diretora do Centro de Estudos sobre o Genoma Humano e Células-Tronco (CEGH-CEL) da USP. “Além disso, os dois tinham sido demonstrados como seguros. O do sarampo já foi usado exaustivamente para vacinas em crianças e o do VSV pode causar, no máximo, uma gripe sem sintomas graves em humanos.”
Na época, Beta Halassy tinha 49 anos e descobriu um câncer de mama no mesmo lugar onde ela havia feito mastectomia. Ela foi acompanhada por oncologistas durante todo o processo e os resultados mostraram que o tumor reduziu significativamente de tamanho e se desprendeu do músculo da pele, o que permitiu ser retirado com facilidade após uma cirurgia.
Na coluna de hoje (28) Mayana comenta as questões éticas em debate e os resultados que experimentos com o zika vírus trouxeram a partir de experimentos realizados no CEGH-CEL.
Decodificando o DNA
A coluna Decodificando o DNA, com a professora Mayana Zatz, vai ao ar quinzenalmente, quarta-feira às 9h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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