Chuvas em Recife e as vítimas de uma tragédia que se repete pela incapacidade dos gestores

A ocupação de áreas de risco e de áreas submetidas a enchentes é uma combinação que levou, até agora, a um total de 129 mortes, as quais poderiam ter sido evitadas, diz Paulo Saldiva

 13/06/2022 - Publicado há 2 anos

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Nesta sua coluna, o professor Paulo Saldiva fala sobre as chuvas que têm atingido o Estado de Pernambuco, fazendo muitas vítimas em Recife, as quais ele define como atípicas, mas não inteiramente imprevistas. “As projeções da ocorrência de anomalias climáticas e chuvas intensas, intercaladas por períodos de seca extremada, já estavam feitas para as grandes capitais brasileiras por grupos de pesquisadores de todo o mundo, inclusive brasileiros, desde o início dos anos 2000.” Com isso, o colunista quer dizer que se trata de um problema velho, assim como velha é a incapacidade dos gestores de resolvê-lo, ainda que o cenário seja sempre o mesmo e se repita ao longo do tempo, ou seja, a ocupação de áreas de risco escarpadas e também de áreas submetidas a enchentes, combinação que levou, até agora, a um total de 129 mortes. Saldiva lamenta as vidas perdidas, quanto mais porque essas mortes poderiam ter sido evitadas.

O colunista informa ainda que, duas ou três semanas depois da ocorrência dessas chuvas e inundações, é esperado um segundo ciclo de doenças, “aquelas que são geradas pela exposição a águas contaminadas”. As pessoas que entraram na água para salvar seus pertences muito possivelmente sofrerão de leptospirose, hepatite, enteroviroses e de diarreia, sem falar nos criadouros – formados pelas poças de água expostas ao calor – de mosquitos transmissores de moléstias. “Enfim, repete-se um ciclo vicioso, agravado pela ocorrência de anomalias climáticas, tendo por base a incapacidade dos nossos governos de resolver uma questão importante, que é a moradia e a habitação dos grandes centros urbanos.” O que se espera agora, diz, é que “a força dessa tragédia e a força dos acontecimentos criem as condições políticas e o financiamento necessário para que tomemos as medidas de mitigação do que ainda estará por vir”.


Saúde e Meio Ambiente
A coluna Saúde e Meio Ambiente, com o professor Paulo Saldiva, vai ao ar toda segunda-feira às 8h, quinzenalmente, na Rádio USP (São Paulo 93,7 ; Ribeirão Preto 107,9 ) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.

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