Giselle Beiguelman está no Canadá, onde inaugurou a exposição Botannica Tirannica, um projeto que ela diz ser tanto de pesquisa como artístico e que conta a história do colonialismo pelo olhar das plantas, “mais especificamente a partir dos nomes preconceituosos e racistas associados a milhares de plantas, em um diálogo crítico com as ciências de ponta da atualidade, como a inteligência artificial”. A mostra, que teve sua primeira exposição em 2022, no Museu Judaico de São Paulo, passou desde então pelo interior do Estado e por países como Paquistão e Itália.
“Em todos os lugares eu atualizei a pesquisa com novas categorias de preconceito e fundamentos racistas, associados a diferentes plantas. Porque há, inegavelmente, uma certa geografia do racismo, que se explicita na nomenclatura popular das plantas. Aqui no Canadá, o principal alvo do racismo e preconceito se volta contra os povos indígenas.”
Ela completa: “Eu expandi a minha pesquisa original para toda uma seara etnobotânica que não havia sido contemplada ainda. Além disso, essa exposição no Koffler Arts, em Toronto, conta com uma série inédita, de plantas e fungos que foi usada para estigmatizar grupos, como é o caso dos cogumelos e do alho, extremamente presentes em várias imagens antissemitas, anti-indígenas e misóginas. A exposição, que foi inaugurada no dia 30 de maio, fica em cartaz até o fim de outubro”.
Ouvir Imagens
A coluna Ouvir Imagens, com a professora Gisele Beiguelman, vai ao ar quinzenalmente, segunda-feira às 8h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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