
O HPV é uma doença que pode levar a risco do câncer de colo de útero em mulheres. O que você não sabia é que essa infecção pode atingir a garganta de recém-nascidos. Estudos apontam que o vírus do papiloma humano infecta humanos há mais de 500 mil anos. Quando se fala em HPV, logo vem associado a doenças de transmissão sexual, porém, o assunto é muito mais complexo do que se imagina. A maior preocupação em relação aos bebês é que podem ser infectados pelo vírus durante o trabalho de parto, como explica o professor e otorrinolaringologista Domingos Tsuji, chefe do Grupo de Voz do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.
O diagnóstico precoce é extremamente importante em recém-nascidos justamente porque, como só choram, não conseguem expressar a dor. Um dos sintomas é a dificuldade para respirar, podendo obstruir a respiração do bebês. Por terem uma estrutura faringolaríngea mais estreita, a evolução do crescimento das verrugas pode obstruir a passagem do ar com maior rapidez. Os principais sintomas são tosse crônica e dificuldade para respirar.
Tratamento via cirurgia

– Foto: Researchgate
A boa notícia é que a doença tem cura, porém, o tratamento é feito através de cirurgias, já que ainda não existe um medicamento para o HPV em bebês. O diagnóstico segue: o primeiro passo é a realização de um exame de videolaringoscopia para visualizar a região. Através desse procedimento, é possível identificar a lesão ocasionada pelo HPV, que, na maioria das vezes, é muito característica e fácil de reconhecer. Elas se assemelham a cachos de uva ou verrugas, com pequenos pontos escuros, e podem estar restritas a uma porção da laringe ou afetar mais locais, como as pregas vocais, as pregas vestibulares e a epiglote. A confirmação do diagnóstico requer a retirada da lesão e análise histológica dos fragmentos.
Ao ser submetida à cirurgia, a criança ficará com cicatrizes nas cordas vocais, o que futuramente pode gerar uma rouquidão na voz. Atualmente, já existe o uso de laser para reduzir esses danos. Mesmo com todos esses cuidados, é possível que a criança carregue esse vírus até a adolescência, quando a doença consegue ser controlada. Os tratamentos costumam ser longos e requerem acompanhamento periódico até que seja confirmada a total remissão da doença.
A cesariana pode ser uma saída para evitar o HPV em recém-nascidos, mas tudo indica que alguns bebês já tenham predisposição para o vírus. Só para se ter uma ideia, sete recém-nascidos em cada mil podem desenvolver o HPV na garganta por causa de baixa imunidade. O exame pré-natal é extremamente importante para a detecção do HPV e para que o obstetra e a paciente decidam a forma do parto, se natural ou por cesariana.
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