O programa Ambiente é o Meio desta semana conversa com Alessandra Korap Munduruku, representante de mais de dez aldeias do Médio Tapajós, no Pará; primeira mulher a presidir a Associação Indígena Pariri; vice coordenadora da Federação dos Povos Indígenas do Estado do Pará (Fepipa); e referência na luta indígena, atuando, principalmente, contra a invasão dos territórios indígenas no Brasil.
Devido ao seu ativismo, em 2020, Alessandra recebeu o prêmio Robert F. Kennedy de Direitos Humanos, nos Estados Unidos, que há 37 anos homenageia figuras que lutam por causas sociais. Sobre o reconhecimento, comenta: “É um sinal de que nós estamos levando nossas vozes mais longe, as pessoas estão ouvindo quem está defendendo o meio ambiente, não só a Alessandra, mas, sim, o conjunto de povos indígenas”.
Segundo a ativista, a aceitação da causa e do papel das lutas indígenas é bem difícil, já que “muitos não gostam de gente que defende o meio ambiente, que defende a floresta, defende os rios, defende uma nação”. Porém, argumenta que “o planeta não pode viver só na seca, o planeta também precisa saber que o meio ambiente somos nós, que nós que estamos na linha de frente para defender o meio ambiente, porque, se não formos nós, os povos indígenas, não existiria mais nenhum parque, nenhuma fauna, nenhum território para lutar”.
Lembra que o desmatamento na Amazônia, o crescimento das plantações de soja na região, as barragens que foram construídas e destruíram locais sagrados para os povos tradicionais, as ferrovias e os Projetos de Lei, como o PL 3729/2004, referente ao meio ambiente, colocam em risco a vida de povos tradicionais. “O genocídio não fica só presente em nós, o genocídio acontece também apenas assinando um papel”, explica Alessandra, alertando para o significado da assinatura numa lei, numa medida provisória, que pode sentenciar a “morte para os povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos. Todo esse povo está na luta”.
Sobre a visibilidade que tem ganhado, Alessandra diz que é um sinal que as lutas indígenas estão chegando mais longe, “as nossas lutas não estão sendo em vão, nossas lutas são muito verdadeiras”, conclui.