O dólar não para de subir, o que está relacionado a uma certa instabilidade econômica mundial, mas também a uma desconfiança em torno do comportamento da economia brasileira, diz o professor Luciano Nakabashi, que também vê relação entre a valorização do dólar e o aumento da inflação no Brasil. Um outro componente importante dessa equação tem a ver com o fato de o Banco Central ter reiniciado o processo de aumento dos juros. Para Nakabashi, muito da incerteza em relação à economia brasileira vem da questão fiscal. “Quando a gente olha a trajetória da dívida pública em relação ao PIB, ela vem aumentando, mesmo com recordes de arrecadação o déficit aumentou, a dívida está aumentando, então isso mostra que a gente está gastando muito de uma forma meio que descontrolada, isso tem causado muita incerteza em relação a essa capacidade futura de pagamento da economia brasileira”, analisa o colunista.
E o que esperar da economia brasileira em 2025? “Quando a gente olha os efeitos desse processo, principalmente a partir do ano que vem, os juros seguram a atividade econômica, juros mais altos fazem com que as pessoas invistam menos, peguem menos dinheiro emprestado para comprar parcelado, consumir de forma parcelada, aumenta o preço do que você compra de forma parcelada – sobretudo impacta bens duráveis, principalmente automóveis e imóveis -, então a gente espera com esse aumento dos juros, com essa incerteza que a gente está tendo, de uma economia brasileira que cresça menos, até porque a capacidade de crescimento está muito baixa”. Para Nakabashi, tudo isso acaba limitando o crescimento em 2025.
“A gente espera um 2025 que tenha um crescimento menor em relação a 2024 – em torno de 1,5%, 2% -, mas depende também muito para onde vai a política fiscal, a política fiscal que tem ajudado a gerar esse crescimento, mas tem gerado toda essa incerteza em relação a essa capacidade de pagamento do governo. O governo tem de fato gastado muito.” Uma política fiscal mais controlada levaria, segundo o colunista, a economia a crescer um pouco menos, mas daria melhores condições “para que as expectativas melhorem, para que o dólar abaixe, para que a gente consiga controlar a inflação, reduzir a taxa de juros, com isso ter um desempenho melhor nos próximos anos, então pode ser que a gente tenha até um crescimento mais alto, mas à custa de um crescimento mais lento”.
Reflexão Econômica
A coluna Reflexão Econômica, com o professor Luciano Nakabashi, vai ao ar quinzenalmente, quarta-feira às 9h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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