Apesar da polarização e da ameaça de violência, eleitor se comportou bem na hora de votar

Para Lourdes Sola, nós não podemos falar numa sociedade brasileira que não tenha correspondido aos padrões de civilidade, disciplina e até mesmo de interesse

 04/10/2022 - Publicado há 2 anos
O eleitorado teve disciplina e registrou um alto índice de presença – Foto: TSE
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Com a certeza de um segundo turno das eleições brasileiras, a sociedade se encontra ante um cenário amplo, mesmo com as duas opções de candidatos para a Presidência. 

A professora Lourdes Sola, mestre em Sociologia Econômica pela USP e doutora em Ciência Política pela Universidade de Oxford, pontua: “A minha sensação foi que [os candidatos] ofereceram muito pouco e que a polarização foi deliberada todo o tempo”.

A polarização entre os dois candidatos é um fator relevante e influente na disputa presidencial: “Foi uma aposta entre uma alternativa e outra: uma alternativa é a alternativa que nós conhecemos, que era detentora dos mecanismos de poder no momento, que é o governo Bolsonaro, com todos os seus aliados, com toda a sua coalizão política e, por outro lado, Lula, que era alternativa da polarização, mas que não passou por uma discussão de programa, por um debate“, compara Lourdes.

Cenário social

Para a professora, o eleitorado teve disciplina, apesar de os incentivos à polarização e à violência: “Houve incentivos emanados de vários campos, mas que, de uma maneira bastante disciplinada, interessada e com índice de presença muito alto, nós não podemos falar numa sociedade brasileira que não tenha correspondido aos padrões de civilidade e até mesmo de interesse”.

Lourdes Sola – Foto: Fapesp

Esses incentivos podem estar relacionados com uma fragmentação que influi diretamente sobre o âmbito social: “Então você tem meios de comunicação que dão incentivos muito diversos, dependendo do rádio ou da mídia que você ouve”, explica Lourdes. Em conjunto com a polarização, esses incentivos podem indicar caminhos diferentes para o eleitorado.

Análise

Concluindo, a professora comenta que o atual governo saiu vitorioso desse primeiro embate, grande parte foi pela eleição de diversos deputados, governadores e senadores simpatizantes com essa linha política, grande o suficiente até para mudar a composição do Supremo Tribunal Federal. Além disso, outros fatores também ajudaram na guinada dessa ponta da polarização: “O governo Bolsonaro se organizou muito bem nas redes, tinham fundos muito abundantes, usando o ‘fundão eleitoral’ e também o orçamento secreto”, pontua Lourdes.

Com uma disputa acirrada no segundo turno, o centro, que foi “excluído” do embate principal, será disputado para a formação de alianças, segundo a professora.


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