América Latina e Caribe possuem capacidade única para liderar a transição energética mundial

Apesar da diversidade de recursos renováveis, Fernando de Lima Caneppele conta que a região ainda utiliza grandes quantidades de combustíveis fósseis

 29/10/2024 - Publicado há 1 mês
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chapéu energia sustentável

É importante discutir criticamente se os benefícios da transição energética serão compartilhados equitativamente – Ilustração: Reprodução/Freepik
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A transição energética na América Latina é um tema que causa preocupações devido à sua alta complexidade e desafios para implementação. Segundo o professor Fernando de Lima Caneppele, da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA) da USP, a inclusão social, com a geração de emprego e renda, deve ser uma prioridade para garantir uma transição energética eficiente na região.

De acordo com o docente, a apresentação do relatório Latin America Energy Outlook, lançado no final de 2023, destacou a capacidade única da América Latina e do Caribe de liderarem a transição para energias limpas, em razão de sua diversidade de recursos. Embora a matriz energética da região seja considerada relativamente verde, com uma forte dependência de fontes renováveis, especialmente a hidroeletricidade, Caneppele alertou que os combustíveis fósseis ainda representam uma parcela significativa do mix energético, fator que sinaliza a necessidade de uma transição mais acelerada para as fontes limpas de energia.

Fernando de Lima Caneppele – Foto: e-aulas

Equilíbrio

Segundo o professor, o equilíbrio entre crescimento econômico e sustentabilidade ambiental é um desafio crucial, pois a região é responsável por uma parcela significativa das emissões globais de carbono. Ele alerta também para os desafios socioeconômicos e ambientais envolvidos na implementação de energias renováveis, como os impactos da exploração de minerais essenciais para tecnologias limpas sobre os ecossistemas e comunidades locais.

A transição energética, conforme Caneppele, deve ser vista como uma oportunidade para a criação de empregos e redução das desigualdades sociais. No entanto, ele destaca a importância de discutir criticamente se os benefícios dessa transição serão compartilhados equitativamente, evitando assim a reprodução das desigualdades existentes.

“A inclusão social deve ser uma prioridade, garantindo que todos os segmentos da sociedade se beneficiem do desenvolvimento de energias limpas, e isso deve receber uma atenção especial dos países latino-americanos, uma vez que estes ainda não alcançaram um nível de desenvolvimento comparado aos países do norte global”, analisa.

Investimentos

Quanto aos investimentos necessários para as energias limpas, o especialista questiona a viabilidade e suficiência dos fundos e recursos propostos, ressaltando que os desafios relacionados ao fortalecimento das redes de transmissão e distribuição exigem uma análise detalhada dos obstáculos técnicos, financeiros e regulatórios que podem comprometer a integração eficaz de fontes renováveis.

“Por fim, a cooperação regional, embora destacada como estratégica para aumentar a segurança energética e promover o uso de energias renováveis, enfrenta barreiras significativas. Obstáculos políticos, econômicos e culturais podem limitar a eficácia dessa cooperação, sugerindo a necessidade de uma diplomacia energética mais robusta, que possa superar esses desafios”, reflete.

*Sob supervisão de Cinderela Caldeira e Paulo Capuzzo


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