A professora Raquel Rolnik abre sua coluna com uma má notícia: a Câmara Municipal de São Paulo aprovou, em primeira votação, um projeto de lei que adia a meta de substituição da frota de ônibus da capital, basicamente movida a diesel, por ônibus elétrico. Mais que adiar, a proposta lança para 2050 o prazo para que aconteça o término dos ônibus a diesel, além de permitir às empresas, caso não alcancem tal objetivo, a compra de crédito de carbono como forma de compensação. “Como se a compra de crédito de carbono fosse encarar e resolver o problema central, que é a necessidade imperiosa de mudar a matriz energética”, avalia a colunista. As empresas alegam não possuir ônibus suficientes no mercado nem estrutura para fazer a adaptação do diesel para o elétrico, justificativa contestada pela professora Raquel Rolnik, que lembra que a lei é de 2009, tendo sido alterada em 2018, ou seja, não foi por falta de tempo que as adaptações não aconteceram.
“O problema do motor a diesel, dos ônibus a diesel”, observa a professora, arquiteta e urbanista, “é que, além do gás de efeito estufa, eles também são grandes responsáveis, junto com todos os demais motores de combustão dos automóveis, pela poluição atmosférica que atinge os pulmões, os brônquios da nossa população […] nós estamos falando de matar a população e a Câmara Municipal vem me falar de adiar meta progressiva de substituição por ônibus elétrico”. Para Raquel Rolnik, essas metas não podem mais ser adiadas.
Cidade para Todos
A coluna Cidade para Todos, com a professora Raquel Rolnik, vai ao ar quinzenalmente quinta-feira às 8h30, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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