Nos EUA, depois da decisão da Suprema Corte, que revogou o direito ao aborto no país, a consequência foi um aumento na audiência de publicações digitais voltadas ao público feminino. Para o professor Carlos Eduardo Lins da Silva, “houve realmente uma espécie de um choque muito grande na comunidade feminina americana com o fim do direito constitucional ao aborto, que estava vigente no país desde 1973”. Com isso, a consequência natural foi o aumento na circulação de sites, revistas e jornais dedicados especificamente às mulheres. Por outro lado, a decisão da Suprema Corte sobre o aborto preocupa a imprensa americana por suas implicações. Na semana passada, revistas, jornais e sites enviaram ao promotor-geral dos EUA uma correspondência pedindo que tomasse providências imediatas para impedir que repórteres e editores fossem punidos por legislações estaduais que consideram que incitar, ajudar, encorajar ou facilitar o aborto também é crime.
Tudo se resume ao fato de que os jornalistas temem ser acusados de estar encorajando o aborto apenas por publicarem reportagens a respeito do tema. Em tempos pretéritos, até anúncios foram objeto de uma denúncia judicial, como aconteceu em 1972, quando um editor de uma publicação foi condenado pela justiça por publicar um anúncio de uma clínica que praticava abortos em Nova York, onde a prática era permitida. Será que o mesmo poderá acontecer a partir de agora?, indaga o colunista, na opinião de quem o assunto é sério não só por colocar em risco o futuro da imprensa e do jornalismo nos EUA, como também por atentar contra os direitos individuais dos americanos. “Nós podemos realmente retroceder mais do que décadas, podemos retroceder séculos nos Estados Unidos.”
Horizontes do Jornalismo
A coluna Horizontes do Jornalismo, com o professor Carlos Eduardo Lins da Silva, vai ao ar quinzenalmente, segunda-feira às 8h30, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
.