“Estamos todos fragilizados com a dupla terrível pandemia e pandemônio”, afirma Martin Grossmann em sua coluna Na Cultura, o Centro Está em Toda Parte, na Rádio USP (clique e ouça o player acima). “Um momento conturbado pelas eleições norte-americanas, governos totalitários e o dilema das redes, exatamente como sugere o docudrama lançado pela Netflix.”
Grossmann endossa o comentário do colunista Guilherme Wisnik na coluna Espaço em Obra, da Rádio USP. “Wisnik tem toda a razão em dizer que a breve história da internet é formada por ciclos que oscilam entre a utopia e distopia. Vivemos na distopia, isso não há dúvidas.”
Grossmann lembra também o filósofo Michel Foucault e assinala que o documentário mostra que estamos sujeitos não mais à biopolítica apontada pelo filósofo. Ou seja, a um controle externo à população e aos indivíduos. Porém, agora o controle se faz de dentro do sistema e esse sistema é gestado claramente pelas redes. “Trata-se de um psicopoder, um poder que manipula não mais os movimentos, as estruturas, mas manipula diretamente a mente e o comportamento humano e isso é que é desesperador.”
O colunista fala da utopia quando a internet surgiu. “Ela abriu-se para o mundo saindo do ambiente militar e também universitário, gerando um entusiasmo, uma utopia, a possibilidade de estruturarmos uma sociedade mais democrática”, lembra. Agora, para enfrentar o dilema das redes, Grossmann sugere um retorno às bases utópicas, mas sem romantismos. “Será preciso buscar nas universidades, na própria sociedade consciente da situação na qual estamos, novos ideais, formas de resistência e novas formas de atuação, utilizando sim as redes e fazendo com que as grandes corporações que nos comandam, como o Google, tenham, de fato, uma relação com as políticas, seja do governo, do Estado, porém, pensando no planeta.”
Na Cultura, o Centro está em Toda Parte
A coluna Na Cultura o Centro está em Toda Parte, com o professor Martin Grossmann, vai ao ar quinzenalmente, terça-feira às 9h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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