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O professor José Eli da Veiga abre mais uma edição de sua coluna com uma indagação, a de se existiria algum precedente histórico que nos ajudaria a ter algum grau de otimismo em relação à problemática do clima? “Porque, afinal, quando eu penso no tempo que se passou sem solução, mas não é só sem solução, muitas vezes é com a sensação de que, na verdade, o que está se fazendo em relação a isso é muito menos do que deveria. Por exemplo, a rigor, nós já estamos há uns 50 anos, ou mais de 50 anos, com reconhecimento global de que as emissões de carbono são péssimas, elas criam ameaças sérias para o futuro da humanidade. Quando eu digo mais de 50 anos, é porque a primeira vez que houve uma reunião sobre o assunto, muito importante, que lançou um documento, foi em Estocolmo, em 1971.”

Para Eli da Veiga, só existe outro exemplo comparável na história que foi tão difícil de solucionar: o processo de emancipação dos escravos, “o tempo que levou entre começar o movimento contra a escravidão […] e o tempo que levou até que a própria Inglaterra declarasse o fim da escravidão, mas ainda muito tempo teve que se passar para países como o Brasil, que foi um dos últimos a se livrar da escravidão”, diz ele, antes de completar: “A questão toda é que, tanto num caso como no outro, os lucros da atividade eram muito importantes, estavam no coração da economia, e hoje é mais ou menos a mesma coisa em relação ao petróleo, carvão e outros”.

É por isso, segundo ele, que continua essa fissura em investir em petróleo e em carvão. “Então, eu tendo a achar que, embora não haja consciência disso, o pessoal que continua muito fissurado em expandir a exploração do petróleo – e está tendo no governo um problema sério em relação à Petrobras na foz do Amazonas -, eu tendo a comparar esse pessoal aos capitães do mato – na verdade, são os capitães do mato deste século. Esse é o título, aliás, de uma coluna que vai sair amanhã (26) no jornal Valor Econômico.”

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