USP Analisa #24 – Monumentos refletem relação das sociedades com o passado

Série especial do USP Analisa em parceria com CPC faz reflexão sobre marcos históricos relacionados a momentos traumáticos para alguns grupos

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 04/09/2020 - Publicado há 4 anos     Atualizado: 14/09/2020 as 16:22
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USP Analisa #24 - Monumentos refletem relação das sociedades com o passado
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A destruição de monumentos ligados a memórias dolorosas, como a escravidão, voltou a ser discutida após protestos do Movimento Black Lives Matter (em português, Vidas Negras Importam). O USP Analisa está debatendo esse tema em uma série especial que apresenta, nesta semana, sua segunda parte. A conversa será com a professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP Giselle Beiguelman, o pesquisador da Universidade Federal do Rio de Janeiro Alberto Goyena e o especialista do Centro de Preservação Cultural da USP Gabriel Fernandes.

Alberto destaca que os monumentos têm um papel muito importante porque mostram como cada sociedade se relaciona com o passado e com a ideia de patrimônio. “São pontos de encontro, marcos referenciais de locomoção das pessoas na cidade, então também lugares às vezes ditos abandonados, mas abandonados para quem? Que usos esses monumentos podem ter para além da sua função pragmática pedagógica que talvez um dia foi escrita sobre ele?”, questiona o pesquisador.

Uma das possibilidades em relação a monumentos ligados a memórias traumáticas discutida pelos entrevistados é que eles sejam retirados das ruas e levados a museus. Segundo Gisele, é preciso assumir que as “memórias da barbárie” também constituem nossa história cultural. 

“É o nosso problema com os monumentos aos bandeirantes. A eleição da figura do bandeirante como a figura de construção da identidade paulista em um determinado contexto histórico faz parte da nossa memória. Portanto, simplesmente pôr um fim nesses monumentos nos deixa com uma lacuna essencial para compreender as nossas contradições. A curadoria de monumentos atua no sentido de, por um lado, tensionar essa memória da barbárie e, por outro, preservar grupos que foram vítimas desses processos em alguns casos ou que de alguma maneira se sentem agredidos pela presença desses marcos no espaço urbano. Então é uma solução em termos de se refazer ou de recontar a história da barbárie sem abstrair que ela é parte constitutiva da nossa memória e do nosso patrimônio”, afirma a professora. 

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USP Analisa
O USP Analisa Vai ao ar pela Rádio USP quinzenalmente às sextas-feiras, às 16h:45, e também está disponível nos principais agregadores de podcast. O programa é uma produção conjunta da Rádio USP Ribeirão Preto (107,9 MHz) e do Instituto de Estudos Avançados Polo Ribeirão Preto (IEA-RP) da USP. Apresentação e edição: Thaís Cardoso. Produção: João Henrique Rafael Junior. 

 

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