A troca no comando do País no início deste ano trouxe mudanças também ao cenário econômico. Para discutir as alterações na política econômica e o impacto delas na vida da população, o USP Analisa desta semana conversa com o economista e presidente do Banco Ribeirão Preto, Nelson Rocha Augusto, e o professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto da USP, Rudinei Toneto Junior.
Os dois, que também integram o conselho consultivo do Instituto de Estudos Avançados Polo Ribeirão Preto (IEA-RP) da USP, destacaram que houve uma melhora sensível do ponto de vista macroeconômico graças ao foco maior no diálogo com os diversos setores da sociedade e a reestruturação de políticas e programas.
Nelson ressalta ainda a importância do arcabouço fiscal, que substitui o teto de gastos. Segundo ele, embora o arcabouço dependa de aumento na arrecadação, traz mais clareza quanto aos números e ao cumprimento das regras, gerando um clima de confiança no mercado.
“Até agora praticamente não tivemos desequilíbrio fiscal. Não tem [possibilidade de desequilíbrio fiscal] na perspectiva de longo prazo por causa do arcabouço e não tem na gestão do dia a dia porque as coisas estão equilibradas. A inflação brasileira acabou apresentando uma redução muito expressiva, fruto de uma redução importante no preço das commodities; tivemos uma redução importante nos custos de produção; temos sobra de energia no Brasil; tivemos uma safra agrícola espetacular, muito acima do que o mais otimista podia esperar; e tivemos uma apreciação do Real, uma queda na taxa de câmbio. A somatória de tudo isso indica não só uma inflação extremamente baixa, mas também uma perspectiva para frente com uma nova ancoragem, digamos assim, ou uma ancoragem em outros números da expectativa inflacionária. Mesmo os analistas mais pessimistas não esperam uma inflação acima de 4% no ano que vem. Lembrando que a meta é 3% com intervalo de tolerância de 1,5”.
Para Rudinei, considerando os quatro anos anteriores, em que houve uma “grande destituição de políticas em diferentes aspectos”, a retomada de negociações políticas mesmo antes do novo governo assumir, com a aprovação da PEC da Transição, foi fundamental para um ambiente de maior confiança por parte de investidores.
“Quando a gente vê a reconstrução de diversas políticas, programas e pontos no país, quando a gente vê o nosso presidente voltar a ser atendido, a ser recebido nos principais organismos, quando a gente vê uma normalidade no Ministério da Saúde com a retomada dos programas de vacinação, quando a gente vê o Ministério da Educação retomando uma política educacional coerente, quando a gente vê a questão da reconstrução dos órgãos ambientais, tudo isso, no mundo moderno, coloca que o Brasil volta a ser olhado por investidores que colaborem nesse processo de apreciação do câmbio, que colaborem na estabilização. A grande mudança que eu vejo é sair de um desgoverno para um ambiente favorável a políticas”, diz ele.
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USP Analisa
O USP Analisa Vai ao ar pela Rádio USP quinzenalmente às sextas-feiras, às 16h:45, e também está disponível nos principais agregadores de podcast. O programa é uma produção conjunta da Rádio USP Ribeirão Preto (107,9 MHz) e do Instituto de Estudos Avançados Polo Ribeirão Preto (IEA-RP) da USP. Apresentação e edição: Thaís Cardoso. Produção: João Henrique Rafael Junior.
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