Em 2050, a Organização das Nações Unidas prevê que a população do mundo irá chegar a 9.8 bilhões de pessoas. Se esse número virar realidade, a ONU antecipa que o planeta vai precisar de 60% mais alimentos e 40% mais água. De acordo com essas mesmas previsões, o nosso consumo total de carne vai aumentar em 70% em relação ao consumo em 2005.
Embora a carne vá possivelmente continuar a fazer parte da dieta populacional, poderia a tecnologia avançar a ponto de criar uma alternativa sustentável? Para especialistas, a chamada “carne de laboratório” é uma opção a ser considerada, entretanto, o custo da sua produção ainda é alto.
Para o professor Marco Antonio Trindade, da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA) da USP, “pode haver um nicho de mercado interessado em consumir esse produto”, considerando o grande número de empresas investindo cada vez mais. Ainda assim, “os insumos necessários para se produzir a carne de laboratório são altamente caros, porque demandam estrutura física e ambiente estéril”, detalha o especialista.
Uma das técnicas para o cultivo de carne em laboratório envolve a obtenção de células-tronco de pequenas amostras de tecido muscular animal. O processo promove a diferenciação dessas células em células musculares, que formam fibras chamadas miotubos. Esses miotubos são colocados em uma placa contendo gel, para que as células se multipliquem e formem um pequeno pedaço de tecido muscular. Ao colocar os pedaços de tecido muscular com um tecido de gordura, é possível formar algo similar à carne, inclusive, com o mesmo sabor.
De acordo com Trindade, o barateamento do custo dessa produção ainda não é viável. “A carne cultivada hoje ainda é muito menos sustentável porque demanda muito mais insumos e estrutura do que a própria criação animal”, afirma.
Por outro lado, as chamadas “alternativas vegetais” à carne animal são uma aposta mais concreta. “Essa opção me parece mais viável ecologicamente, atende o mesmo objetivo da carne cultivada, e com mais sustentabilidade”, finaliza.
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