O que as diferentes reformas têm em comum em termos de políticas públicas e como podem ter um bom compromisso com a nação? José Luiz Portella, doutor em História Econômica pela FFLCH da USP e pesquisador do IEA, comenta a tendência brasileira de constantemente reformar, mas nunca chegar ao cerne do problema: “Por que fazer uma batalha tão grande (o trabalho de se fazer uma reforma) e acabar adiando a essência dela para daqui dois, três anos ter outra dificuldade?”.
Ele diz que fazer reformas, apesar de necessário, implica também um desgaste. É muito trabalho envolvido, muita discussão e tempo despendido, além de lidar com conflito de interesses, pressões e lobbys. O melhor seria, então, fazer grandes reformas de uma vez, evitando esse ciclo de desgaste político e negociações difíceis.
Mas não é isso que acontece no Brasil, segundo ele. Portella argumenta que as mudanças poucas vezes são estruturais e atingem o núcleo da questão, sendo que cada reforma se torna fadada a ser datada e precisar ser substituída em poucos anos. “Hoje a reforma da Previdência, por exemplo, muitos especialistas dizem que vai ter que aumentar para 67, 68 anos a idade para se aposentar.”
O custo para o Brasil também é alto: se, ao invés de solucionar o problema, de fato, o que fazemos é postergar medidas profundas, quem sofre é a população. Como consequência, o País fica sempre numa situação meia morna, na expectativa, em transição. A reforma tributária é um exemplo, de acordo com o professor: “Vai melhorar em relação ao ‘manicômio’ que nós estávamos, mas nós vamos sair do manicômio e vamos, digamos, para uma clínica mais amena, quando nós poderíamos dar um avanço muito maior”.
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