Começou hoje (18), no Rio de Janeiro, o G20, ou Grupo dos 20, formado pelos ministros de finanças e chefes dos bancos centrais das 19 maiores economias do mundo, mais a União Africana e a União Europeia. O G20 estuda, analisa e promove a discussão entre os países mais ricos e os emergentes sobre questões políticas. A esse respeito José Luiz Portella, pós-doutor em História Econômica pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP e pesquisador do Instituto de Estudos Avançados (IEA), comenta as perspectivas desse encontro mundial. “Quando se tem os 20 mais ricos, os mais importantes foram precedidos do G20 Social, então é um evento bastante importante. Mas esse tipo de encontro com o G20 possui duas características básicas. Sempre avançam um pouco, então, digamos, é uma notícia boa”, afirma.
Portella destaca que as propostas brasileiras, voltadas para a reforma da governança global e a redução das desigualdades, são fundamentais para enfrentar desafios como a insegurança alimentar. “Hoje têm, pelos organismos internacionais, mais de 700 milhões de pessoas que passam fome aguda e mais 1 bilhão e pouco têm insegurança alimentar”, exemplifica.
O pesquisador aponta que o combate ao multilateralismo, liderado por figuras como Donald Trump, dificulta a implementação dessas políticas públicas. “O Trump não é uma pessoa democrática, ele está a fim de cada vez tornar mais forte os Estados Unidos”, explica. Nesse contexto, a polarização entre países como os EUA e a China tende a bloquear avanços significativos, intensificando tensões e limitando o alcance das decisões.
A Taxa Tobin foi proposta em 1972 para conter especulação financeira e promover o desenvolvimento global. Apesar de sua relevância, a ideia nunca foi implementada devido à resistência de interesses poderosos. Para Portella, a falta de resultados dessa taxa reflete a falta de vontade coletiva de priorizar o bem-estar global sobre os interesses individuais. “O mundo não quer resolver as coisas para que todos vivam em paz; prevalecem os interesses dos mais fortes”, afirmou.
Portella avalia que o G20 deve trazer avanços pontuais, mas longe do que o Brasil e outros países esperam. Ele enfatizou a necessidade de superar as barreiras políticas para que as discussões se transformem em ações concretas. “O que existe é um forte movimento a favor do interesse de cada um, o que aumenta a desigualdade”, conclui.
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