Sociedade em Foco #202: O que faz um bom plano de governo?

Opiniões e ideologias à parte, um plano de governo pode ser definido como bom ou ruim a partir de sua estrutura, e o quão a sério ele se propõe levar. José Luiz Portella, doutor em História Econômica pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) e pesquisador do Instituto de Estudos Avançados (IEA), ambos da Universidade de São Paulo, comenta a questão.

Ele diz que devemos evitar, antes de tudo, projetos genéricos. “São planos sem projetos de implantação, ou seja, sem o ‘como eu vou fazer’”. Planos genéricos de governo são os conhecidos popularmente como “promessa de político”: são traçadas ideias, mas sem a definição estratégica de como colocar aquilo em prática. “Tem que ter o prazo, orçamento, como que ele vai entregar aquele plano durante o mandato, os prazos parciais no meio do mandato”, esses são alguns exemplos que o professor dá de características necessárias para um plano bem estruturado.

O orçamento é outro ponto que pode ser enganoso. É equivocado pensar que o governo poderá usar 100% do dinheiro disponível, pois a maior parte dele já está atrelada a gastos fixos. “Você não tem dinheiro para investimento do tamanho do orçamento, você tem geralmente um pedaço pequeno; quando é muito, 14% ou 15% do orçamento total.” Ou seja, o político tem que prometer algo realista, e não megaprojetos que estão fora da realidade da Prefeitura.

Portella também levanta outros pontos de atenção, como priorização, articulação e metas claras. Ele diz que muitos políticos prometem atuar em todas as áreas possíveis de forma a conseguir o apoio mais amplo, mas isso quase nunca é possível. Antes um plano que prometa menos e entregue do que um plano que prometa muito e não conclui nada. Fora isso, é necessário que o governo tenha capacidade de se articular politicamente com o Legislativo e que ele também tenha estabelecido metas, que poderão indicar se o plano teve ou não sucesso.

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