A projeção das despesas públicas preocupa os economistas e um estudo do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV-Ibre) projetou pelo menos R$ 100 bilhões de aumento nos gastos previdenciários nos próximos quatro anos. José Luiz Portella, doutor em História Econômica pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) e pesquisador do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP, analisa a atual situação do sistema e discorre sobre as possíveis soluções para evitar transtornos.
Segundo o especialista, o País enfrenta uma crise gerada pela combinação de envelhecimento da população e alta informalidade no mercado de trabalho, o que compromete a sustentabilidade do sistema previdenciário. Portella argumenta que as políticas adotadas até agora foram improvisadas, focando mais em solucionar problemas imediatos do que em enfrentar as questões estruturais de fundo.
O pesquisador enfatiza a resistência política e social em lidar com esses desafios, mencionando a dificuldade histórica em aprovar reformas significativas, como ocorreu com a reforma da Previdência no governo de Fernando Henrique Cardoso. Ele destaca que o aumento da expectativa de vida e a melhoria na qualidade de vida dos idosos exigem uma revisão das políticas previdenciárias, adaptando-as à realidade contemporânea e garantindo justiça social aos aposentados.
Portella também critica a falta de políticas públicas estruturais e de longo prazo, observando que o Brasil tende a resolver problemas emergenciais de caixa sem enfrentar de fato a origem da raiz dos problemas. Ele propõe que reformas na Previdência e no mercado de trabalho são essenciais para enfrentar a informalidade e garantir um sistema mais sustentável para o futuro.
“Estamos nos aposentando muito cedo, com uma qualidade de vida melhor, então é preciso mudar a realidade da análise dos benefícios o quanto antes. Isso é duro, talvez seja a política pública mais difícil que temos atualmente, mas é consequência de nunca irmos a fundo na solução e sempre ficarmos protelando o problema”, analisa.
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