Sociedade em Foco #110: Eleições de 2022 serão mais tensas e com mais efeitos colaterais

José Luiz Portella revela que mudanças no posicionamento dos eleitores são uma das causas do aumento da tensão no processo eleitoral

 26/04/2022 - Publicado há 2 anos
Momento Sociedade - USP
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Sociedade em Foco #110: Eleições de 2022 serão mais tensas e com mais efeitos colaterais
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Neste episódio do Sociedade em Foco, o professor José Luiz Portella afirma que, apesar do processo de eleição já ser naturalmente conflituoso pela disputa de poder, ele será ainda mais tenso este ano por causa dos discursos radicais das redes sociais e pelas condições criadas em 2018 e no governo atual. As preliminares da eleição de 2022 indicam um aspecto peculiar do Brasil, que é o embate político no lugar do debate de políticas públicas.

Segundo ele, isso tem origem na mudança da forma com que os eleitores estão se posicionando: “Antes nós tínhamos uma curva normal de Gauss, que é um U ao contrário, quando o centro tem a maioria e a parte mais alta da curva. E as extremidades, onde você tem mais radicalização, à esquerda e à direita, estão nas pontas e com pouca gente”. Ele completa: “Em 2018 houve uma mudança total. Nós passamos a ter essa curva com as pontas abertas, ou seja, tem mais gente nas pontas da curva, na radicalização, do que tinha antes. E diminuíram os eleitores de centro, que têm uma posição mais ponderada”.   

Portella comenta a entrevista do presidente do Instituto Ideia, Maurício Moura, ao Estadão, a qual constata que 67% do eleitorado não confia ou confia pouco no processo eleitoral, além de 15% estar disposto a fazer manifestações caso não concorde com o resultado da eleição. “E esse número de 15% é agora. Quando aumentar a tensão, isso também vai crescer. Então provavelmente nós vamos chegar a 20%, um pouco mais, que é 1/5 do eleitorado”, discorre.  

Segundo ele, isso irá repercutir negativamente nas propostas de políticas públicas, pois elas não serão prontamente discutidas para dar lugar aos debates mais agressivos e à contestação dos resultados da eleição: “Nós vamos ter um ano de 2023 bastante difícil, porque o orçamento da União vai estar bastante esburacado não só pela eleição como pelo que já se vinha fazendo antes da eleição. E nós vamos ter um choque institucional grande, qualquer que seja o vencedor”. Portella explica: “Por quê? Ou vai vir uma corrente contrária ao governo e vai querer mudar tudo ou o governo vai radicalizar a posição anterior”. 


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