Em mais um episódio do podcast Sociedade em Foco, o professor José Luiz Portella, doutor em História Econômica pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, analisa a importância do Estado em meio às tragédias urbanas.
Após casos recorrentes de desastres gerados pela chuva, como em Petrópolis, no Rio de Janeiro, o professor analisa: “É evidente que o Estado tem um papel muito grande e que deveria ser muito mais eficiente e eficaz na prevenção do que na correção. Como disse Keynes: ‘Custa muito menos prevenir do que remediar’, além de algo que é irremediável, que são as vidas perdidas”.
Além de obstáculos relacionados à gestão do Estado, Portella destaca como essas tragédias são perigosas e entram no esquecimento com o passar do tempo: “Você está vendo que muitas verbas para essa questão de riscos urbanos não foram ativadas, foram empenhadas e não foram executadas. Você também está vendo agora, paulatinamente, que à medida em que as chuvas vão passando, vai saindo do noticiário, as pessoas vão esquecendo, e isso vai voltar o ano que vem, este é o problema”.
Um dos problemas mais significativos é a falta de ações concretas no combate às tragédias urbanas. Embora exista um planejamento, nem sempre ele é colocado em prática. “Isso mostra a importância que tem o Estado, tanto na prevenção como depois, no processo de acompanhamento e correção. Isso tem que ser feito de forma planejada, com políticas públicas, que têm a ver com uma reforma urbana, o que está acontecendo é que nós estamos tendo um crescimento, como sempre, que não é organizado e que os planos diretores da cidades não dão conta. Eles são teóricos, na teoria se pensa muita coisa, mas sempre têm a mesma falha, a falha da inexecução orçamentária e a falha da inexecução de políticas”, atesta o professor.
Portella também indica a necessidade e a importância da população se posicionar e lutar por mais ações públicas; para ele “você tem que se indignar antes de acontecer, e a indignação da opinião pública, da sociedade organizada levaria a uma pressão das autoridades. Elas têm a sua culpa ou por omissão ou por uma má gestão, mas elas não são pressionadas o suficiente antes de a desgraça acontecer”.
Momento Sociedade
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