Nas relações conjugais de amarelos com negros e de amarelos com brancos, negros sofrem mais discriminação

Segundo pesquisa de doutorado realizada no Instituto de Psicologia (IP) da USP, nos relacionamentos inter-raciais de amarelos com brancos e de amarelos com negros, os parceiros não brancos sofrem preconceitos, mas a discriminação acontece com relação aos homens e mulheres negras

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 26/08/2021 - Publicado há 3 anos
Novos Cientistas - USP
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Nas relações conjugais de amarelos com negros e de amarelos com brancos, negros sofrem mais discriminação
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Na entrevista desta quinta-feira (26) no podcast Os Novos Cientistas, a psicóloga Laura Satoe Ueno relatou sobre seu estudo em que analisou as percepções acerca de raça-etnia em casamentos inter-raciais de amarelos com negros e com brancos em São Paulo. “Procuramos compreender como as diferenças eram vividas pelos parceiros na interação com os familiares e em ambientes públicos”, disse a pesquisadora. O estudo de doutorado intitulado Amores (des)racializados: um estudo psicossocial dos casamentos de “amarelos” com negros e brancos em São Paulo foi defendido no Instituto de Psicologia (IP) da USP, sob orientação do professor Geraldo José de Paiva.

Para elaborar seu estudo, Laura realizou uma revisão de literatura, observou relatos e discussões sobre o tema, principalmente nas redes sociais e também manteve conversas informais com dois sujeitos e dois casais. “Realizei ainda entrevistas, em profundidade, com quatro casais”, contou a psicóloga, lembrando que, “os significados de raça no relacionamento conjugal eram negados ou atenuados no discurso da maioria dos participantes”.

Porém, contrariamente, as experiências narradas do convívio com a família e o meio social eram racializadas, e traços biológicos e/ou culturais eram associados a características pessoais. “Brancos e amarelos não encontraram resistências da família dos parceiros ao casamento inter-racial, enquanto manifestações racistas com profundos impactos psicológicos foram experienciadas por cônjuges negros, não aceitos automaticamente nas famílias asiáticas”, descreveu Laura. De acordo com a pesquisadora, a branquitude como norma permeava não só a busca da brasilidade pelos amarelos casados com brancos, mas também o cotidiano das famílias afro-asiáticas. “Percebi maior ansiedade social em relação aos casais amarelo e negro, e em torno do nascimento de seus filhos”, disse, destacando que, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a maior parte dos casamentos dos amarelos no Brasil é inter-racial, representando cerca de 60%.

 


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