Esta edição do Pílula Farmacêutica faz um alerta sobre o risco de queda a que estão expostas as pessoas que usam medicamentos psicotrópicos. Segundo informa a acadêmica Giovanna Bingre, orientanda da professora Regina Andrade, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) da USP, trata-se de um efeito colateral dessas drogas que pode afetar o equilíbrio e a marcha.
São antidepressivos, ansiolíticos, sedativos e anticonvulsivantes, remédios que agem no cérebro, muito usados atualmente; quase 5% da população mundial utiliza algum antidepressivo e outros cerca de 10% sofrem com transtornos de ansiedade. A maioria é de mulheres que, segundo especialistas, percebem mais facilmente os sintomas mentais e recebem mais atenção médica.
Psicotrópicos e risco de queda
Giovanna conta que a Medication Fall Risk Score, escala internacional de classificação de risco de queda provocada por medicamentos, classifica os psicotrópicos com o grau três, maior e mais grave nível. A explicação é a de que são remédios de ação no cérebro e sistema nervoso central que podem provocar efeitos adversos como: tontura, sedação, distúrbios da postura, alterações da marcha e do equilíbrio e, portanto, que facilitam as quedas.
A acadêmica conta que os psicotrópicos atuam em neurotransmissores cerebrais, moléculas que agem em receptores celulares e transmitem sinais. Os medicamentos como os ansiolíticos, por exemplo, são capazes de diminuir a excitação dessas células, diminuindo “a ansiedade, mas também outras atividades, como a coordenação motora, a capacidade de se manter acordado, o equilíbrio e a memória”.
Pessoas que fazem tratamento com psicotrópicos, afirma Giovanna, podem cair e nem se lembrar, o que é perigoso, pois “além de cair e se machucar, podem ficar por um tempo indeterminado machucadas e inconscientes”. Esses episódios são mais comuns no meio da noite e em pacientes idosos ou hospitalizados.
Quais medidas podem prevenir esses efeitos?
Os efeitos que causam a queda se assemelham aos de quem consome muito álcool. Assim, “é perigoso dirigir carro, moto, exercer funções no trabalho com maquinário pesado ou aparelhos perfurocortantes”, avisa a acadêmica. O usuário então precisa ser bem orientado pelo médico que prescreveu e pelo farmacêutico que dispensou o remédio para que possa se adaptar e conversar com seus amigos e familiares sobre maneiras de minimizar os riscos.
Coordenação: Rosemeire Talamone