Pílula Farmacêutica #75: Hormonioterapia para transgênero necessita de acompanhamento periódico

Desde 2008, o SUS disponibiliza tratamento com hormônios em processo transexualizador para maiores de 18 anos

 29/06/2021 - Publicado há 3 anos
Pílula Farmacêutica - USP
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Pílula Farmacêutica #75: Hormonioterapia para transgênero necessita de acompanhamento periódico
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Esta edição do Pílula Farmacêutica fala sobre a hormonioterapia, tratamento à base de hormônios sexuais oferecido às pessoas trans ou transgênero, aquelas que não se identificam com o gênero (masculino ou feminino) com o qual nasceram. Mulher transexual, por exemplo, é aquela que tem o sexo biológico masculino, mas que se expressa no feminino, enquanto o homem trans se define homem apesar de ter nascido com o sexo biológico feminino.

Para atender à saúde desses indivíduos, conta a acadêmica Kimberly Fuzel, orientanda da professora Regina Andrade da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) da USP, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece, desde 2008, um processo transexualizador, feito com hormonioterapia e acompanhamento médico aos maiores de 18 anos.

O que é e como funciona a hormonioterapia?

Nem todas as pessoas trans se beneficiam ou desejam fazer a hormonioterapia, mas “cada indivíduo tem suas preferências que devem ser ouvidas e respeitadas”, adianta Kimberly. Assim, utiliza-se o tratamento para reduzir o nível hormonal existente no organismo para adquirir e manter aquele mais compatível com o do gênero oposto, diminuindo as características sexuais do gênero biológico e obtendo as desejadas.

São terapias com estrogênio, para quem se identifica com o feminino, e com androgênicos, para quem se identifica com o masculino. O objetivo de tratar com estrogênio, o hormônio feminino, é o desenvolvimento mamário, a redução do padrão masculino de crescimento de pelos faciais e corporais, suavizar a pele e reduzir sua oleosidade, trazendo características femininas como mudanças na libido, redução da massa muscular e redistribuição de gordura corporal.

Esses efeitos começam depois de três meses de terapia e chegam ao ápice depois de dois anos. Segundo a acadêmica, a melhor escolha são os estrógenos naturais, que são administrados por via oral, parenteral ou transdérmica. Combinados com os estrógenos, geralmente, são administrados medicamentos antiandrogênicos para bloquear ou reduzir a produção de testosterona.

Já para o tratamento hormonal androgênico, para quem se identifica com o sexo masculino, a hormonioterapia leva a um padrão masculino de crescimento de pelos faciais e corporais, aumento da massa muscular e da libido, à interrupção dos ciclos menstruais, com possível surgimento de acne, além do engrossamento da voz, queda de cabelo, diminuição das mamas e do endométrio (tecido que reveste o útero). Normalmente, esse tratamento é feito através de injeções intramusculares e as modificações corporais aparecem entre um e seis meses e levam até cinco anos para se tornarem completas.

Efeitos colaterais da hormonioterapia?

Os efeitos indesejáveis nas duas versões da terapia são bastante semelhantes. Kimberly informa que hipertensão arterial e alterações no ganho de peso são comuns, mas que o tratamento com testosterona pode trazer também alterações lipídicas e surgimento de acne. Enquanto isso, com o estrogênio, são observadas ainda resistência à insulina e aumento de risco de trombose.

Para evitar efeitos adversos, todas as pessoas em hormonioterapia devem fazer acompanhamento médico periódico e se submeter a exames laboratoriais frequentes para medir níveis de testosterona e estrógeno.


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