Pílula Farmacêutica #73: Remédios para emagrecer só podem ser usados com acompanhamento médico

A ditadura da beleza impõe regras absurdas, com abuso de cirurgias plásticas, dietas sem base científica e medicamentos que colocam em risco a saúde

 15/06/2021 - Publicado há 3 anos
Pílula Farmacêutica - USP
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Pílula Farmacêutica #73: Remédios para emagrecer só podem ser usados com acompanhamento médico
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Obsessão pelo corpo perfeito preocupa autoridades pelos prejuízos à saúde, seja pelo uso indiscriminado de cirurgias plásticas, seja pelo consumo de dietas e alimentos falsamente milagrosos ou de remédios para emagrecer sem prescrição médica. E é sobre essas medicações que esta edição do Pílula Farmacêutica se debruça.

Como funcionam os remédios para emagrecer?

Segundo a acadêmica Giovanna Bingre, orientada pela professora Regina Andrade da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) da USP, são vários os tipos de remédios usados para emagrecimento, sendo os mais famosos os inibidores de apetite. Eles podem usar “os sinais periféricos” de saciedade que o corpo manda para o sistema nervoso central após a alimentação. Como exemplo, Giovanna cita o caso da liberação de uma molécula chamada colecistoquinina, quando o alimento entra em contato com o intestino. Ela é o sinal para “o cérebro controlar a sensação de fome e o gasto energético do organismo a partir das novas calorias ingeridas”, diz. 

Os remédios inibidores de apetite podem ainda usar a via hormonal, na qual entra a ação da insulina, regulando a sensação de saciedade e o consumo de energia e um outro hormônio, a leptina, relacionada com moléculas de gordura que também regulam a fome. Segundo a acadêmica, a insulina “também interfere na secreção de outro hormônio chamado GLP1, que inibe o esvaziamento do estômago e do intestino, mantendo a saciedade por mais tempo”. Os inibidores de apetite então agem sobre o funcionamento dessas biomoléculas, aumentando a saciedade ou diminuindo a digestão de algumas macromoléculas. Porém, informa Giovanna, existem outros tipos de mecanismos de ação, usando até alguns antidepressivos com o mesmo propósito.

Faz mal tomar remédio para emagrecer?

Remédios para emagrecer não são vendidos sem receita médica, ou possuem tarja vermelha ou tarja preta. Assim, as autoridades tentam evitar a banalização do uso dessas medicações. Informa a acadêmica Giovanna que esse controle é necessário pela quantidade de efeitos adversos que produzem, como “problemas de absorção de vitaminas, deficiência de nutrientes, diarreia, tontura, desnutrição, insônia e aumento da pressão arterial”.

O remédio nunca é a primeira opção dos especialistas para tratar a obesidade, conta Giovanna. Antes, são indicadas dietas balanceadas e prática regular de atividade física. Mas, como a obesidade pode ser causada por diversos fatores, pode ser necessária a administração de medicamentos, sempre cuidadosamente indicada e acompanhada por médico e nutricionista.

Por fim, a acadêmica lembra que a obesidade é multifatorial e o paciente não pode ser culpado pela doença, que deve ser tratada.


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