O verão e as chuvas acendem o alerta para as doenças tropicais no País e, entre elas, a dengue, que afeta cerca de 390 milhões de pessoas todos os anos pelo mundo. Nesta edição do Pílula Farmacêutica, a acadêmica Giovanna Bingre, orientanda da professora Regina Andrade, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) da USP, alerta para os medicamentos corretos para tratar a dengue.
O problema, segundo Giovanna, é que a maior parte dos infectados pelo vírus da dengue não apresenta nenhum sintoma e existem alguns remédios, como os anti-inflamatórios não esteroidais, que não devem “em hipótese alguma ser usados em caso de suspeita de dengue”. São aqueles que possuem ativos como ibuprofeno, diclofenaco e nimesulida, por exemplo, que podem “aumentar o risco de sangramento de uma doença que já pode evoluir para um quadro hemorrágico”, alerta a acadêmica. Outro problema é que a dengue grave pode causar problemas hepáticos, então a recomendação é evitar medicamentos com efeitos negativos sobre o fígado.
Giovanna conta que no Brasil usa-se dipirona e, em casos leves, o paracetamol para aliviar a dor e febre alta da doença, que pode chegar a 40 graus. Em outros países, como Estados Unidos e Suécia, a dipirona é ilegal. Mas a Anvisa organizou uma discussão sobre a relação risco/benefício do fármaco em 2001 e chegou ao consenso de que os riscos eram baixos quando comparados com a eficiência no combate de sintomas.
Contudo, a acadêmica alerta que não se deve usar medicamento sem supervisão de profissional da saúde. Anti-inflamatórios não esteroidais são vendidos sem receita médica e a chance desses remédios causarem “uma hemorragia em casos de dengue é só um dos riscos que eles oferecem”.