Pílula Farmacêutica #31: Preconceito ainda marca saúde da população LGBT

Uma em cada seis pessoas desse grupo já sofreu algum tipo de discriminação nos serviços da rede pública de saúde

 29/06/2020 - Publicado há 4 anos
Pílula Farmacêutica - USP
Pílula Farmacêutica - USP
Pílula Farmacêutica #31: Preconceito ainda marca saúde da população LGBT
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A sociedade brasileira vive no século 21, mas, para algumas questões, como saúde de grupos LGBT, o preconceito ainda segura o País num passado cruel. Para alertar sobre as condições de saúde vividas por essa população, o Pílula Farmacêutica desta semana aproveita a comemoração do Dia Mundial do Orgulho LGBT, em 28 de junho.

Segundo a acadêmica Giovanna Bingre, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) da USP, as pessoas desse grupo, quando necessitam de atendimento médico, sofrem mais que outros grupos, pois, antes dos problemas estruturais do sistema de saúde, enfrentam “profissionais que muitas vezes não estão instruídos sobre o assunto ou que são simplesmente preconceituosos”. Dados do Ministério da Saúde, lembra Giovanna, mostram que uma em cada seis pessoas dessa população já sofreu algum tipo de discriminação nos serviços da rede pública de saúde.

Além do preconceito, as mulheres lésbicas sofrem ainda com a falta de informação sobre sua saúde. Adianta a acadêmica que não se trata apenas de falta de acesso à informação, mas falta de produção científica de suas condições. É fato, diz Giovanna, que é baixo o índice de acompanhamento ginecológico dessas mulheres, que ficam mais expostas aos tumores de colo de útero e de mama. 

Para os homens gays, a situação não é diferente, já que “se deparam com o estigma relacionado ao HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis” logo na porta de entrada do sistema de saúde. A orientação sexual do indivíduo, conta Giovanna, é vista “como irresponsável por alguns profissionais de saúde”, que negligenciam a saúde mental e os cuidados que merecem pelos reais problemas de saúde que apresentam.

A acadêmica fala ainda sobre a “delicada situação vivida pelas pessoas transsexuais”. Giovanna alerta para a violência e vulnerabilidade sofrida pelas pessoas que precisam de readequação de gênero e têm no SUS a única opção de serviço de saúde.

O Dia Mundial do Orgulho LGBT, 28 de junho, é uma homenagem à revolução deflagrada em Nova York, nos Estados Unidos, após agressão policial aos frequentadores do bar Stonewall Inn, popular entre a comunidade gay. O fato, ocorrido em 1969, marcou o início dos movimentos dessa população em busca de igualdade e liberdade. 

Nessa época ser homossexual era proibido nos EUA. De lá para cá, a comunidade LGBT vem alcançando muitas vitórias pelos seus direitos. Aqui no Brasil também realizaram conquistas importantes; mas, apesar do grande número de representantes – são 17 milhões de brasileiros, de acordo com a Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais – essa população ainda sofre por morar em um dos países mais perigosos e negligentes à vida LGBT. 

Ouça este episódio do Pílula Farmacêutica na íntegra no player acima.


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